Pensar Piauí
Doutor em Antropologia

Arnaldo Eugênio

Doutor em Antropologia

Educação em tempo integral e as drogas

Foto: ReproduçãoEducação em tempo integral e as drogas
Educação em tempo integral e as drogas

Tendo como referência de análise a Medida Provisória do governo Luiz Inácio Lula da Silva (2023), que criou o Programa Escolas de Tempo Integral, com investimento de R$ 4 bilhões. E, sabendo que a proposta será replicada pelo governo do Piauí, na rede estadual, ouso em mostrar uma possibilidade inovadora de prevenção ao consumo de drogas entre os adolescentes escolares, com base nos princípios da Educação Integral, e como ela pode estimular a formação global dos indivíduos, associada à Pedagogia do Amor e à Filosofia Estoica.

No contexto do Piauí, trata-se de uma proposta de intervenção qualificada, viável e necessária, a partir da concepção de uma política pública intersetorial (educação, saúde, segurança pública, assistência social, esporte, cultura e lazer), que intitulo de Rede Permanente de Educação Integral em Prevenção ao Uso de Drogas em Ambiente Escolar, para planejar, construir e implementar ações estratégicas antidrogas lícitas e ilícitas dentro do espaço escolar.

O Relatório Mundial sobre Drogas (UNODC, 2021) avalia que pandemia potencializou riscos de dependência. E a resiliência dos mercados de drogas, durante a pandemia, demonstrou mais uma vez, diferentemente da educação escolar e das forças de segurança do Estado, a capacidade dos traficantes em se adaptarem rapidamente a ambientes e circunstâncias diferentes.

No âmbito da Educação Integral, em função da grande oferta de drogas fora da escola, torna-se necessário gestar uma política pública intersetorial de controle social do uso de drogas a partir da escola, através de uma Pedagogia do Amor e dos princípios educacionais para estimular a formação global dos indivíduos, sustentada no estoicismo. É um processo inverso ao comum, ao invés de se realizar gastos exorbitantes com a punição e policiar as escolas, faz-se investimentos na educação de qualidade, para à vida e não para “passar no ENEM”, onde o não uso de drogas deva ser visto como um valor moral e ético.

O objetivo do governo federal é ampliar em 1 milhão as vagas de tempo integral nas escolas de educação básica do país. E o governo do Piauí tem a meta ousada de alcançar 100% das escolas estaduais até 2025, e promover grandes mudanças e melhoras na educação do Brasil, e no Piauí. Porém, considerando as bases do modelo de educação em tempo integral e de estruturas adequadas, se a educação não estimular a formação global dos indivíduos – profissionais da educação, estudantes e familiares –, aquele estará fadado ao fracasso.

De fato, é possível e necessário ofertar à população um novo modelo de educação de qualidade, que associado à Pedagogia do Amor e às bases da Filosofia Estoica, possa engendrar outro modo de prevenir o uso de drogas, e indiretamente fazer o enfretamento ao tráfico, para além de um caso de polícia que privilegia a força em detrimento da inteligência, já superado pela lógica capitalista do tráfico internacional de drogas e o seu modus operandi.

O uso e abuso de drogas é um fenômeno global, que envolve vários fatores socioemocionais e traz diversas consequências psicossociais, tanto para os usuários quanto à sociedade em geral. Nesse contexto, a Pedagogia do Amor, um termo surgido no final do século XVIII e início do XIX com o pedagogo suíço Johann Pestalozzi, traz uma forma de pensar no mundo e nas relações interpessoais e de trabalhar para desenvolver o estudante por completo.

Portanto, lanço aqui a proposta original de criação da Rede Permanente de Educação Integral em Prevenção ao Uso de Drogas no Ambiente Escolar, um modelo de política pública intersetorial.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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