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Jornalista

Sérgio Fontenele

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Debate político camufla os problemas essenciais de Teresina

Foto: google imagemFirmino Filho e seu grupo querem mais quatro anos de poder
Firmino Filho e seu grupo querem mais quatro anos de poder

Enquanto o grupo do prefeito Firmino Filho e a oposição se digladiam por conta das eleições municipais de 2020, a população teresinense continua a esperar por medidas e políticas públicas essenciais, como a ampliação do sistema de esgoto sanitário, cuja coleta alcança cerca de 20% da população. É um desempenho trágico, até para os padrões vergonhosos do saneamento básico no Brasil. Se o assunto é tratamento dos esgotos é melhor não comentar, porque inexiste, visto que os rios Poti e Parnaíba permanecem recebendo dejetos.

Desde que o processo eleitoral de 2018 foi concluído, os políticos entraram em luta aberta pelo Palácio da Cidade, o que é um desserviço à comunidade da capital. Com ares de dono da razão, o secretário de Comunicação da Prefeitura de Teresina, Fernando Said, veio em defesa da gestão municipal, criticada um dia antes pelo deputado estadual Franzé Silva (PT). O secretário acusa a oposição de proselitismo político, como se seu grupo não o fizesse, desde sempre, o que explica o fato de estar no poder há 33 anos.

Ao longo de três décadas e pouco, mesmo não tendo o prefeito em uma oportunidade, quando Elmano Férrer conduziu a prefeitura durante dois anos e nove meses, o atual grupo político liderado por Firmino Filho permaneceu administrando a capital, sem contudo produzir resultado significativo. Trata-se de uma gestão medíocre, “feijão com arroz”, que basicamente gere a máquina sem grandes sobressaltos, e permanece no comando da prefeitura porque dispõe de um sistema eleitoreiro muito eficaz, que controla o voto das periferias.

Versão hi-tech

O debate pré-eleitoral que se trava em torno da disputa de 2020 é, portanto, de um atraso atávico, que remonta o remoto passado das disputas políticas no Nordeste, onde os coronéis passavam o tempo inteiro a trocar insultos e acusações – algumas vezes caluniosas – entre si, visando tão somente o poder. Mesmo com uma roupagem hi-tech, pasteurizada, envelopada por agências de publicidade que consomem parte considerável do orçamento público, o grupo entronizado na Prefeitura de Teresina é apenas uma versão dos velhos políticos.

Especialistas em fazer esse deprimente jogo, Firmino e sua turma, mesmo depois de 33 anos, não conseguem responder a desafios urbanísticos e ambientais fundamentais, como o saneamento básico – coleta e tratamento – e o processamento do lixo, orgânico, inorgânico, tóxico e altamente tóxico. Não há sequer um aterro sanitário na capital, em pleno 2019, século XXI, descumprindo inclusive, há cinco anos, a Lei nº 12.305, cuja Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) determina a implantação dos aterros sanitários até 2014.

Apesar da massificante propaganda oficial, os avanços em mobilidade são de fato pouco expressivos, senão questionáveis, para quem comanda há mais de 30 anos, e a figura de Firmino, envelhecido, de cabelos brancos, é um retrato acabado, imagem emblemática do envelhecimento do poder e no poder. No sentido do cansaço, da decadência, do ultrapassado, do passado, que, no entanto, tenta continuar agarrado, ao poder, de todas as formas, e, como um camaleão, vai trocando de roupa, para parecer adequado, ao ambiente atual.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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