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Jornalista

Sérgio Fontenele

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Autogolpe de Carlos seria alternativa à queda de Bolsonaro

Foto: google imagemO tweet de Carlos Bolsonaro é o aviso do golpe
O tweet de Carlos Bolsonaro é o aviso do golpe

As declarações do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, são mais preocupantes porque estão inseridas num conjunto enorme de posicionamentos antidemocráticos do clã. Não é de hoje que o presidente vem defendendo, por exemplo, a ditadura, a tortura, o extermínio de 30 mil opositores durante os anos de chumbo. Desde que virou político, ele tem se posicionado nesse sentido, abertamente, e seus filhos reproduzem essa postura totalitária, que, pasmem, tanto contribuiu para sua eleição presidencial, em 2018.

Não foi por falta de aviso aos eleitores brasileiros. As ameaças representadas por Bolsonaro à democracia eram evidentes, há muito tempo – e continuam sendo –, muito antes do viciado processo eleitoral do ano passado, quando ocorreram sucessivas manipulações do resultado final. A começar pela impugnação da candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O tweet de Carlos Bolsonaro, o 02, não pode, portanto, ser interpretado apenas como mais uma das inúmeras bravatas da família hoje instalada no Palácio do Planalto.

Subestimar a manifestada relativização da democracia, nas palavras do filho mais agressivo de Bolsonaro, seria um erro. Por isso, a reação da classe política, especialmente dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. As palavras do 02 possuem um duplo objetivo. O primeiro é produzir mais uma cortina de fumaça, para gerar polêmicas em todo o País e desviar o foco da população diante do fracasso da política econômica do governo, que não gera empregos nem consegue superar o quadro recessivo.

Presidente absolutista

O segundo, é claro, é avisar ou preparar um iminente golpe militar ou autogolpe, entronizando Bolsonaro como presidente absolutista, com o apoio das Forças Armadas. Essa hipótese foi cogitada, há pouco mais de um ano, pelo general Hamilton Mourão, então candidato a vice-presidente, hoje no exercício da Presidência da República enquanto Bolsonaro se recupera de uma cirurgia em São Paulo. Um ano depois, em reação às declarações de Carlos, Mourão desconversou.

Agora, o vice-presidente, presidente em exercício, falou em “pacto de gerações”, “democracia”, “capitalismo” e “sociedade civil forte” como fatores fundamentais para a civilização ocidental. Mas considerando o que disse anteriormente, suas palavras são recebidas com desconfiança, não suficientes para convencer sobre a inexistência de riscos à democracia. A postura do vice é um tanto ambígua, para confundir. Ora morde, ora assopra, no que se refere a defender ou ameaçar a democracia, o que aumenta a preocupação e o temor geral.

Os pendores autoritários deste governo combinam, afinal, com o “conjunto da obra”, uma série de ações que envolvem drásticos cortes de gastos – especialmente na educação, ciência e tecnologia. No saco de maldades há o desmonte de órgãos públicos em geral, a promessa de privatizar tudo – inclusive a Petrobras –, a neutralização do Ibama e do Inpe, o incentivo à devastação acelerada da Amazônia. É um pacote de horrores produzidos por este governo, que perde popularidade e aprovação popular à velocidade da luz.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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