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Jornalista

Sérgio Fontenele

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Assembleia Geral da ONU fará strike em Bolsonaro

Foto: google imagemBolsonaro será jogado aos leões no plenário da ONU
Bolsonaro será jogado aos leões no plenário da ONU

Cumprir o protocolo destinado a todos os presidentes da República, neste caso, deverá ser um estorvo para o presidente Jair Bolsonaro, que, não é muito difícil supor, daria tudo para não encarar, frente a frente, o plenário da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Trata-se da abertura da Assembleia Geral da ONU, realizada anualmente, cuja tradição reza que o Brasil é o único país que abre esse tão importante evento. Bolsonaro pode desistir de comparecer e, por exemplo, enviar o vice-presidente Hamilton Mourão.

O presidente teria – e ainda tem – o álibi perfeito para não ir à famosa Big Apple, apelido da cidade de Nova York, onde, notoriamente, não é bem-vindo. Afinal, ainda se encontra debilitado pela cirurgia de retirada de uma hérnia no abdomen, há poucos dias. O mais difícil, para Bolsonaro, deverá ser discursar para os chefes de estado e suas delegações diplomáticas, no plenário da ONU. A promessa é que ele seja hostilizado numa escala muitas vezes mais acentuada do que a recepção reservada ao então presidente Michel Temer, em 2016.

Quando Temer fez seu primeiro discurso na Assembleia Geral, além das vaias, delegações de vários países se retiraram do plenário da ONU, em protesto contra o golpe que o conduziu ao poder. Há três anos, Temer discursava exatamente sobre a suposta legitimidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff, por um crime de responsabilidade que ela nunca cometeu. Agora, Bolsonaro deverá presenciar um comportamento muito mais hostil e reprovativo, em função de seus atos e fatos e suas próprias declarações.

Discurso de Steve Bannon

O atual presidente, se realmente comparecer ao plenário da ONU, deverá cumprir o protocolo de ler um pronunciamento redigido por seus assessores, com a provável colaboração de Steve Bannon, guru da nova extrema-direita internacional. Mas a dúvida reside no conteúdo de seu discurso, já que ele deverá adotar um tom conciliador quanto as suas posturas e atitudes relacionadas ao meio ambiente, direitos humanos e democracia, e mesmo assim não será convincente o suficiente para evitar o constrangimento que se anuncia.

Com a intensificação do processo de devastação da floresta amazônica, incentivado ou facilitado, direta ou indiretamente, por Bolsonaro, será um verdadeiro desafio encontrar argumentos plausíveis ao ponto de evitar reações negativas a sua presença. Ainda mais no contexto conflagrado pela greve global pelo clima – a Climate Strike –, que levou, nesta sexta-feira (20 de setembro), milhões de manifestantes, sobretudo jovens e crianças, às ruas de pelo menos 150 países, inspirados pela adolescente sueca Greta Thunberg.

O que terá a dizer Bolsonaro? Em situação de progressivo isolamento internacional, o presidente terá pouco a falar, pois perdeu a credibilidade. Não foi a toa que a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), uma de suas mais ardorosas seguidoras, fez uma campanha desesperada, pelas redes sociais, para Bolsonaro não ir. Só faltou pedir pelo amor de Deus. É que ela e ele sabem, como aliás quase todo mundo, que a estreia do atual presidente brasileiro na ONU deverá ser ainda mais corrosiva para seu governo, a cada dia desgastado em acúmulo.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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