Pensar Piauí
Doutor em Antropologia

Arnaldo Eugênio

Doutor em Antropologia

A sensação de insegurança

Foto: ReproduçãoA sensação de insegurança
A sensação de insegurança

De acordo com dados estatísticos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2023), por meio da Síntese dos Indicadores Sociais (SIS), Teresina, a capital do Piauí, apresentou a maior sensação de insegurança em relação aos seus bairros de residência em 2021, com um índice de 58,3%. Muito superior a Florianópolis, que registrou a menor taxa, com apenas 10,3%.

Em relação às capitais do Nordeste dos estados limítrofes com o Piauí, os números mostram que a sensação de insegurança em Teresina (58,3%), pode ter maior relação com a dinâmica da violência nas capitais mais próximas (Fortaleza: 52,3%; São Luís: 50,6%); e menores impactos com relação às outras (Recife: 49,9%; Salvador: 49,5% e Palmas: 27,5%).

A “sensação de insegurança é um comportamento social condicionado por crenças limitantes – ou seja, opiniões e pensamentos que acreditamos que sejam verdades” (Eugênio, 2023). Considere-se, porém, que as dinâmicas da violência afetam todas as capitais, mas repercutem de modos distintos em cada sociedade. Mas, em comum, as crenças limitantes causam um efeito negativo nas pessoas e aumenta o medo social, que favorece a “estigmatização de pessoas e lugares, bem como a desvalorização venal dos imóveis locais” (Eugênio, 2005).

Conforme defendi em tese de doutoramento na PUC-SP, “o aumento do medo social impacta diretamente na sensação de insegurança pública à medida em que os índices alarmantes e a espetacularização midiática da violência e da criminalidade no Brasil reverberam como uma onda no imaginário social (Eugênio, 2012). Principalmente, quando “o sentimento de segurança pública tornou-se um desafio hercúleo para o Estado e a sociedade civil, exigindo uma densa abordagem teórica, para se construir um conjunto de ações intersetoriais e estratégicas.

Nesse sentido, o alto índice na sensação de insegurança entre os teresinenses aponta para a necessidade de implementação do policiamento comunitário nos bairros, como um mecanismo de arrefecimento do medo social, através da proximidade do Estado com as demandas da população por segurança pública.

Os números da Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) é uma alerta importante para os formuladores de políticas de segurança pública. Pois, a média da sensação de insegurança observada para o restante da população do país foi de 26,8%, o equivalente a quase 46% do indicador registrado em Teresina.

Ressalte-se, porém, que a base de dados estatísticos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2023), através da Síntese dos Indicadores Sociais (SIS), retrata uma realidade já superada, ou seja, o ano de 2021. Isto significa que, em 2023, as dinâmicas da violência já devem ter alterado o quadro da sensação de insegurança pública nas capitais. Por exemplo, os dados dos Observatórios da Segurança do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESEC, 2023), mostram que a Bahia ultrapassou o Rio de Janeiro como a “polícia mais letal contra os negros” no total de óbitos (1.465 contra 1.330).

Em comparação, o nível de sensação de insegurança nos estados, o Piauí está entre os mais baixos, na 13ª posição, com 30% da população se declarando insegura. Especificamente, no caso de Teresina, alguns fatores socioculturais podem está dinamizando o medo social na forma de sensação de insegurança pública, tais como: as disputas territoriais entre as facções criminosas, o aumento dos homicídios, os furtos e roubos em vias públicas, os discursos de ódio, a espetacularização da violência, o racismo estrutural etc.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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