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Jornalista

Sérgio Fontenele

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A CPMI das Fake News e o “Gabinete do Ódio”

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Joice Hasselmann desmascarou o "Gabinete do Ódio" no Palácio do Planalto

A troca de agressões verbais entre os deputados federais do PSL – partido que praticamente expulsou o presidente Jair Bolsonaro –, durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, mostrou bem o nível da imoralidade pública que assolou o Brasil. Pode-se deduzir que gente de caráter duvidoso – e essa constatação é um eufemismo – foi eleita para mandar no País, através da manipulação midiática pelos esgotos das redes sociais, dominadas por um sistema de disseminação de conteúdos criminosos.

O depoimento da deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), ex-líder do Governo no Congresso Nacional, foi bastante ilustrativo do que aconteceu, desde antes da campanha eleitoral de 2018, e continua acontecendo. Por meio de células como o “Gabinete do Ódio”, já amplamente noticiado pela própria imprensa, o governo Bolsonaro destrói reputações, ataca inimigos políticos, ameaça a integridade física e psicológica de pessoas e ainda consegue sustentar certa popularidade, usando de fake news e montagens obscenas.

As conhecidas memes e fake news usadas para dar sustentação ao governo, segundo a parlamentar, são produzidas e disseminadas por um grupo de assessores da Presidência da República. Eles são coordenados pelo vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PSC), o 02 – também apelidado de “Carluxo” –, e compõem o “Gabinete do Ódio”, que funciona no 3º andar do Palácio do Planalto. Tais informações são do amplo conhecimento público e foram confirmadas pela deputada na CPI.

No Palácio do Planalto

É interessante observar o detalhe no qual o gabinete da Presidência da República fica também no 3º andar do Palácio do Planalto. O tal “Gabinete do Ódio” funciona praticamente ao lado do presidencial. Embora a existência dessa célula miliciana tenha sido negada por Bolsonaro, Joice Hasselmann confirmou o funcionamento do “Gabinete do Ódio”, peça importante na engenharia política do atual governo. É a opção estratégica de disseminar o ódio pela sociedade brasileira e manter acesa a polaridade política que divide o País, fragilizando-o.

O conflito político, o caos, é estimulado como forma de exercício e manutenção do poder, como efeito da neutralização dos opositores e inimigos, atacados publicamente por um gigantesco sistema de manipulação da informação via internet. Todo mundo sabia da existência desse “gabinete”, amplamente denunciado inclusive por ex-membros do governo, que, de acordo com a deputada, teria gasto quase R$ 500 mil em recursos públicos para impulsionar conteúdos criminosos com a ajuda de pelo menos dois milhões de robôs.

O depoimento da parlamentar na CPMI das Fake News é importante, em particular, não porque partiu de uma pessoa idônea, mas exatamente pelo contrário. Processada várias vezes por fraude jornalística, sendo inclusive demitida de veículos de comunicação, Joice se notabilizou por seu discurso de ódio, oportunismo e conhecer ou participar do esquema de fake news que contribuiu para a ascensão do bolsonarismo. Como líder do Governo, ela é testemunha privilegiada de tudo o que aconteceu e ainda acontece no núcleo duro do poder.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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