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Jornalista

Sérgio Fontenele

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A aposta no Novo do PT

Foto: Thiago LuísWellington Dias decidiu em favor do consenso em torno de Fábio Novo
Wellington Dias decidiu em favor do consenso em torno de Fábio Novo

A pré-candidatura do deputado estadual Fábio Novo (PT) à Prefeitura de Teresina, lançada nesta segunda-feira (04-11), surpreendeu a cena política da capital. Novo foi lançado pelo próprio governador Wellington Dias, que agora se apresenta como afiançador da provável candidatura majoritária petista ao Palácio da Cidade. A definição antecipada de um nome do PT à eleição municipal de 2020, em Teresina, contraria uma regra do partido, há muito tempo, ou seja, neutralizando ou arrefecendo intensas disputas internas pré-eleitorais municipais.

Contra a forte máquina eleitoral do grupo do prefeito Firmino Filho, no Palácio da Cidade há 33 anos – com um breve intervalo de dois anos e nove meses de mandato do então prefeito Elmano Férrer –, trata-se de uma aposta petista ambiciosa. Fábio Novo terá pela frente o gigantesco desafio de vencer o candidato indicado por Firmino. Mas o lançamento precoce da pré-candidatura do PT à prefeitura teresinense, neste momento, pode ter desnorteado sobretudo o PSDB e seu principal e simbiótico aliado, o Progressistas.

Com a criação de um fato político de grande repercussão, antecipando o processo pré-eleitoral, os petistas colocam sob pressão quem está no poder em Teresina. Ao largar na frente, o PT deverá forçar Firmino e seu grupo a se mexerem, o mais rápido possível. O indicado do atual prefeito terá que surgir o quanto antes, para se contrapor a Fábio Novo, desde já, sob o risco de ficar em desvantagem neste momento que antecede à disputa propriamente dita. O aparente problema do PSDB/PP é ainda não ter um nome definido consistente.

Jogada estratégica

Do ponto de vista estratégico, o PT fez uma jogada promissora, ao contrariar o próprio histórico de brigas internas, e entrar rapidamente num consenso em torno de um cabeça-de-chapa. Ao longo das sucessivas eleições municipais na capital, o partido se digladiava, entre suas lideranças e grupos, até o momento das convenções, em julho. Diferentemente do PSDB, que nadava de braçadas, com seus fortes candidatos definidos com bastante antecedência, muito tempo antes dos petistas.

Outro aspecto que parece claro, em meio às circunstâncias do lançamento da pré-candidatura de Fábio Novo, é o papel protagonista do governador. Certamente, seu poder e influência – ou poder de influência – foi decisivo em conciliar os vários interesses dentro da sigla, demovendo personagens como o deputado estadual Franzé Silva (PT) da ideia de disputar a chance de ser candidato ao Palácio da Cidade. Nesse sentido, o novo pré-candidato tem a chancela de Wellington Dias, seu grande cabo eleitoral.

A aposta do governador é, de fato, muito ousada, baseada na apresentação de um nome jovem e bem-sucedido, entre os quadros do PT. Novo tem uma base relativamente considerável no eleitorado teresinense, tendo obtido, nas eleições de 2018, pouco mais de seis mil votos. Mas conseguiu se destacar como gestor da Secretaria da Cultura (Secult) durante o mandato anterior de Wellington Dias (2015-2018), o que terminou credenciando-o a estar onde está. Seria ele o contraponto de um grupo desgastado, há mais de três décadas no poder.

OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui.

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