Zanin é o maior herói não cantado da odisseia de Lula
Ele e a mulher e sócia, Valeska Teixeira, apanharam da esquerda e da direita ao longo do últimos cinco anos

Por Kiko Nogueira, jornalista, no DCM
Há outros, mas Cristiano Zanin Martins é o maior herói não cantado na odisseia de Lula.
Ele e a mulher e sócia, Valeska Teixeira, apanharam da esquerda e da direita ao longo do últimos cinco anos.
Para alguns aliados do ex-presidente, o advogado era frouxo, burocrático e sem sal.
Para a direita, tratava-se, simplesmente, de um idiota a serviço de um corrupto.
Zanin teve a justa — e breve — homenagem de Lula no discurso em São Bernardo, quando foi chamado para a frente do palco, juntamente com Valeska, pelo cliente famoso.
Discreto, mais jovem do que aparentam os 43 anos, cabelo com gel emplastrado para trás, Zanin parece sempre ter acabado de sair do banho com o mesmo terno novo.
Não fica à vontade com os holofotes, como acontece com a imensa maioria de seus pares, especialmente os da República de Curitiba.
Numa entrevista ao DCM, Valeska contou o que eles estavam passando com os filhos pequenos (eles têm três).
Filha do compadre de Lula, Roberto Teixeira, relatou que as crianças tiveram de mudar de escola mais de uma vez por causa da hostilidade dos colegas coxinhas.
Perderam amigos e clientes.
Frio, contundente, insistente Zanin nunca foi visto saindo do sério.
Pelo contrário, tirou do sério Sergio Moro algumas ocasiões.
Zanin sabia que o então juiz, que deveria ser imparcial, estava com um dos lados — o da acusação.
À sua maneira, expôs o imperial Moro nas audiências, sem jamais mostrar subserviência.
Moro acusou o golpe algumas vezes. A principal delas, em depoimento na Câmara dos Deputados.
“Ele adotou a postura quase ofensiva beirando as ofensas em praticamente todas as audiências”, disse, desafinando e se vitimizando.
“Em uma audiência, quis contraditar um acusado. Falei com ele que era medida destinada à testemunha. Ele recusou. Isso é quebra de imparcialidade?”
Coube ao tempo dizer quem estava estava operando o Direito e quem o estava destruindo.
Zanin tem uma contribuição imensa no Lula livre e, portanto, na democracia brasileira.
Ontem, 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal concedeu a ordem de habeas corpus em favor do ex-presidente Lula. Logo em seguida Cristiano e Valeska emitiram a seguinte nota:
NOTA DA DEFESA DO EX-PRESIDENTE LULA
É histórica e revigorante para o Estado de Direito e para o devido processo legal a decisão proferida hoje pela 2ª. Turma do Supremo Tribunal Federal, concedendo a ordem de habeas corpus que pleiteamos em favor do ex-presidente Lula em 05/11/2018 perante aquela Corte para reconhecer a suspeição do ex-juiz Sergio Moro (HC 164.493).
A quebra da imparcialidade pelo ex-juiz, tal como a incompetência da Justiça Federal de Curitiba, reconhecida por outra histórica decisão proferida em 08.03.2021 pelo Ministro Edson Fachin, sempre foi por nós sustentada, desde a primeira manifestação apresentada no processo, no longínquo ano de 2016. Em outras palavras, sempre apontamos e provamos que Moro jamais atuou como juiz, mas sim como um adversário pessoal e político do ex-presidente Lula, tal como foi reconhecido majoritariamente pelos eminentes Ministros da 2ª. Turma do Supremo Tribunal Federal.
Para percorrer essa trajetória na defesa técnica do ex-presidente Lula sofremos toda sorte de ilegalidades praticadas pela “lava jato”, algumas delas indicadas na própria decisão que reconheceu a suspeição do ex-juiz, como o monitoramento ilegal dos nossos ramais para que os membros da “operação” pudessem acompanhar em tempo real a estratégia de defesa.
Da mesma forma, o ex-presidente Lula, nosso constituinte, foi alvejado por inúmeras ilegalidades praticadas pelo ex-juiz Sergio Moro, em clara prática de lawfare, ou seja, por meio do uso estratégico das leis para fins ilegítimos. Os danos causados a Lula são irreparáveis, envolveram uma prisão ilegal de 580 dias, e tiveram repercussão relevante inclusive no processo democrático do país.
A decisão proferida hoje fortalece o Sistema de Justiça e a importância do devido processo legal. Esperamos que o julgamento realizado hoje pela Suprema Corte sirva de guia para que todo e qualquer cidadão tenha direito a um julgamento justo, imparcial e independente, tal como é assegurado pela Constituição da República e pelos Tratados Internacionais que o Brasil subscreveu e se obrigou a cumprir.
Cristiano Zanin Martins e Valeska T. Z. Martins, advogados do ex-presidente Lula
Deixe sua opinião: