Oscar de Barros

PT do Piauí nega direito ao voto ao selecionar local com barreiras arquitetônicas para o PED 2025

Escolha do Liceu pelo PT exclui eleitores e transforma acessibilidade em obstáculo ao voto


Arquivo pessoal PT do Piauí nega direito ao voto ao selecionar local com barreiras arquitetônicas para o PED 2025
Oscar tem um longa história de militância petista. Hoje um capítulo deixou de ser escrito por conta da acessibilidade

O Partido dos Trabalhadores (PT) promoveu hoje o Processo de Eleições Diretas (PED) 2025, mobilizando milhares de militantes em todo o país para escolher os novos dirigentes municipais, estaduais e nacionais da legenda. No entanto, aqui em Teresina, a realização do pleito me causou frustração e revolta diante da falta de sensibilidade da direção estadual em relação à acessibilidade.

Sou filiado ao PT desde 10 de outubro de 1987. São quase 40 anos de militância, de dedicação ao partido, de participação em lutas e processos internos. Mas, neste domingo, não consegui exercer o meu direito de votar. O diretório estadual escolheu o Liceu Piauiense como local de votação — um prédio antigo, símbolo da educação pública no estado, mas repleto de barreiras arquitetônicas: escadas, corredores estreitos, ausência de rampas e outros obstáculos que dificultam a circulação de pessoas com mobilidade reduzida.

Em pleno 2025, quando há tantos espaços públicos e privados já adaptados às normas de acessibilidade, é inacreditável que o PT tenha optado justamente por um lugar tão excludente. E o mais revoltante é saber que o próprio Liceu tem uma grande quadra esportiva no térreo, que permitiria a realização da votação com mais conforto e dignidade, sem exigir que os eleitores enfrentassem escadas ou degraus.

Não fui votar porque simplesmente não havia condições para mim. E não sou o único. Há companheiros com idade avançada, pessoas com deficiência, militantes com dificuldades de locomoção... Faltou sensibilidade, faltou planejamento, faltou respeito com a nossa história e com o nosso direito de participação.

O que relato aqui vai além de uma experiência pessoal. É um reflexo de um problema estrutural dentro da organização partidária: a negligência com a acessibilidade e a inclusão nas atividades políticas. A militância que ajudou a construir o PT desde a base, nos bairros, nas comunidades, nos sindicatos, merece ser tratada com dignidade.

Espero, sinceramente, que no próximo PED essa realidade seja corrigida. Porque todo petista, independentemente de sua condição física, deve ter o direito de votar sem ser submetido a constrangimentos ou exclusão. Eu sigo filiado, sigo na luta, mas não aceito ser tratado como alguém invisível dentro do partido que ajudei a construir.

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