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Você chega no restaurante pede o cardápio e recebe um QR Code

A desculpa sanitária já acabou, mas muitos restaurantes insistem em manter o cardápio em QR Code


Foto: DivulgaçãoQR Code
QR Code

Por Luis Felipe Miguel, professor, no facebook  

Dos três flagelos dos últimos anos, parece que vencemos a pandemia. Mas ainda não os outros dois: o bolsonarismo e o cardápio em QR Code continuam nos assombrando.

A desculpa sanitária já acabou, mas muitos restaurantes insistem em manter o cardápio em QR Code. É uma demonstração cabal de que, ao contrário do que dizem os manuais do "livre mercado", a satisfação do cliente não vale nada.

O cardápio em QR Code dificulta a visualização das opções e a comparação de preços. É um obstáculo para pessoas que têm pouca familiaridade com a tecnologia, que não usam celular ou que não enxergam bem. E fica todo mundo na dependência do sinal do celular.

Parece besteira, mas é inclusão. É como o uso de dinheiro. Em Londres, da pandemia para cá, muitos estabelecimentos (supermercados, lojas em geral, restaurantes, lanchonetes) pararam de aceitar pagamento em dinheiro vivo. Com isso, excluem muitos idosos, crianças, adolescentes e população de rua. Para quem costuma usar cartão parece um detalhe, mas para muita gente é a diferença entre poder ou não poder consumir.

Para os restaurantes, é uma despesa a menos. E facilita na hora de aumentar o preço. Parece tão vantajoso que tem restaurante que sabe que não pega o sinal do celular no salão e ainda assim insiste em só disponibilizar o cardápio "digital" - é verdade, eu mesmo conheço mais de um. Seria comédia, se não fosse suplício.

O cardápio em QR Code foi um negócio forjado nos laboratórios do inferno, tenho certeza. Como a insatisfação dos clientes, que é unânime, não vale nada, o jeito é impor o cardápio físico pela lei - como já está sendo feito no Rio de Janeiro.

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