Vice de Nunes ataca padre Júlio e o culpa por Cracolândia em SP

O vice-prefeito de São Paulo, coronel Ricardo Mello Araújo (PL), atacou o padre Júlio Lancellotti nas redes sociais, responsabilizando-o pelo surgimento de uma nova Cracolândia no bairro do Belenzinho, na zona leste da cidade. Mello Araújo, bolsonarista e ex-comandante da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), publicou um post defendendo as ações da gestão municipal no combate ao tráfico de drogas, mas acabou direcionando críticas ao padre, coordenador da Pastoral do Povo da Rua.

Em resposta, o padre rebateu as acusações e expressou preocupação com sua segurança. No vídeo publicado por Mello Araújo, ele aparece na rua dos Gusmões, no centro da cidade, um local conhecido pela intensa circulação de usuários de drogas, e exibe imóveis que serão demolidos. Nos comentários, uma internauta sugeriu: “Venha para a nova Cracolândia que fica no Belenzinho”. O vice-prefeito então respondeu com um ataque direto ao religioso: “Culpa do Lancelot [sic], está fazendo um desserviço”, escreveu.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, o padre Júlio Lancellotti demonstrou apreensão com as consequências das declarações de Mello Araújo. “Ele está me colocando em risco. Ao dizer que a responsabilidade é minha, ele autoriza grupos radicais a atacarem a minha casa. Coloca em risco a Pastoral [do Povo da Rua]”, afirmou o religioso. Ele também destacou o peso das palavras do vice-prefeito, dado seu cargo de autoridade: “Ele é um coronel, ex-comandante da Rota, e uma autoridade constituída. Tudo o que ele fala tem peso.”

Não é a primeira vez que o padre Júlio Lancellotti se vê alvo de políticos bolsonaristas e de extrema-direita devido ao seu trabalho social com a população em situação de rua. O religioso, que coordena a Pastoral do Povo da Rua, é frequentemente acusado de ser responsável pela suposta falta de segurança em áreas como a Mooca, também na zona leste, devido à presença de pessoas vulneráveis atendidas pela entidade.

Em 2023, o vereador Rubinho Nunes (União Brasil) tentou criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar ONGs que atuam na Cracolândia, com foco na atuação do padre. Na época, a Polícia Civil de São Paulo instaurou um inquérito para apurar possível abuso de autoridade por parte do vereador contra o religioso.

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