"Véi" da Hang, dono do Coco Bambu e Pazuello expostos em depoimento no STF
Advogado de Bolsonaro expõe por engano áudio

Durante sessão tensa no Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado Celso Villardi, que defende o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no julgamento sobre a organização golpista investigada após os atos de 8 de janeiro, protagonizou um momento constrangedor ao expor, inadvertidamente, um áudio comprometedor retirado do celular do tenente-coronel Mauro Cid.
Visivelmente nervoso e tropeçando nas palavras, Villardi solicitou ao ministro Alexandre de Moraes autorização para reproduzir um trecho de áudio "que está nos autos", com a intenção de sustentar a tese de defesa. No entanto, a gravação acabou implicando diretamente o general Eduardo Pazuello (PL-RJ), o empresário Luciano Hang, o dono do restaurante Coco Bambu, Afrânio Barreira, e outros empresários já investigados por suspeita de envolvimento em articulações golpistas.
Na conversa reproduzida, Cid relata um diálogo com um general — supostamente Freire Gomes, então comandante do Exército — em que afirma que Bolsonaro dava sinais de desistência de uma ação mais drástica, mas era pressionado por aliados a seguir em frente, citando o artigo 142 da Constituição. A norma, frequentemente distorcida por apoiadores do ex-presidente, é usada como justificativa para intervenção militar.
"Ontem o general Pazuello esteve com ele, dando sugestões, ideias de como ele podia, de alguma forma, tocar o artigo 142", diz Cid no áudio, destacando que o então presidente não teria dado atenção às propostas do ex-ministro da Saúde.
Cid também menciona pressão sobre o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, para apresentar um relatório com supostas fraudes nas urnas eletrônicas — que nunca se confirmaram. Além disso, ele narra conversas com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, sobre outro relatório produzido pelo Instituto Voto Legal (IVL), utilizado para contestar o resultado das eleições no TSE.
O áudio ainda revela uma reunião entre Bolsonaro e empresários simpatizantes do golpe, entre eles Luciano Hang (Havan), Joseph Meyer Nigri (Tecnisa), Afrânio Barreira (Coco Bambu) e Sebastião Bonfim (Centauro). Segundo Cid, o grupo pressionava o presidente e o Ministério da Defesa a emitir um relatório "contundente" que desse suporte a uma intervenção militar. “O pessoal ficou de moral baixa porque os empresários estavam querendo pressionar o presidente, pressionar o MD a fazer um relatório duro, para virar o jogo”, relatou.
O conteúdo do áudio causou desconforto visível. Em tom irônico, Moraes reagiu: “Vai pedir aditamento da denúncia?”, sugerindo a possibilidade de novos indiciamentos com base nas declarações acidentalmente expostas.
Surpreso, Villardi tentou se justificar: “Não, presidente... fiquei na dúvida. Os empresários mencionados, eu não vi entrada no Palácio... queria saber se ele estava mentindo ou contando uma história”, disse, buscando contornar a gafe.
O episódio adiciona tensão ao julgamento que pode selar o destino político e jurídico de Bolsonaro e seus aliados mais próximos, agora mais diretamente ligados à trama golpista.
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