“Tu era tão legal. Mas tu tá chata! Mudou demais...”
VANESSA,
“Tu era tão legal. Mas tu tá chata! Mudou demais...”
Ufa!!!
Tão bom ouvir isso
Ainda bem
Não quero nem pensar em não ter mudado. Seria estranho. Seria injusto com minha formação e com minha profissão. Seria desumano.
Era tão confortável viver, sem tantos medos...
Ah... mais o Brasil sempre foi injusto...
“Tu acha que tu vai mudar?”
Eu só sei que me tornei adulta e tive minha formação em um Brasil de políticas públicas inclusivas. Que me deixava numa situação cômoda. O país tinha saído do mapa da fome. E as mazelas que ficaram escancaradas, nos últimos anos, estavam camufladas. A maldade de quem se acha superior aos demais seres humanos estavam encobertas.
Os anos de governo de inclusão me deu a falsa sensação de que estava tudo caminhando para um Brasil menos desigual.
E dava para me ocupar com o look do dia. Planejar a balada do fim de semana.
Nossa, era tão cômodo beber aqueles espumantes na boate sem me preocupar se a mão que levantava a taça para brindar comigo era de uma pessoa que apertaria verde para um governo genocida. Que justifica o injustificável. Que toma suas experiências pessoais como espelho para as experiências pessoais do outro que não teve as mesmas oportunidades.
Todavia não me arrependo e nem me culpo.
Foi muito bom tudo. Cada festa, cada sorriso, cada abraço, cada brinde, cada amizade feita na rapidez e fluidez dos nossos tempos líquidos.
Já falaram tanta coisa sobre mim para amigos próximos... E, nada vai fazer diferença na pessoa mais consciente que eu me tornei.
O Brasil precisava da experiência fascista, para nos tirar do comodismo, para nos manter vigilante.
Particularmente, para me ensinar, como historiadora, que aquelas aulas que eu ministrava sobre nazismo e sobre Ditadura militar não tratava de pesadelos de pessoas que viveram no passado.
Estabelecer relações entre passado e presente sempre fez parte do nosso labor. E eu não sei como o conforto dos governos do PT me dava ilusões de que eu estava livre dos pesadelos dos sujeitos do passado.
Eu via Lula e Dilma sendo atacados sem perseguir opositores, e achava que vivia numa democracia.
Enfim, tô chata sim.
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