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Trump impõe tarifas. México, Canadá e China reagem

Vejam a reação dos países a quem Trump impôs tarifas


Trump impõe tarifas. México, Canadá e China reagem
laudia Sheinbaum, Justin Trudeau and Xi Jinping reagem às imposições de Trump

Trump impõe tarifas sobre Canadá, México e China e gera reações internacionais

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu um passo inédito na legislação comercial ao decretar tarifas de 25% sobre as importações do Canadá e do México, além de um acréscimo de 10% sobre produtos chineses. A Casa Branca justificou a medida como parte dos esforços para combater a crise do fentanil e a imigração ilegal.

Trump declarou emergência nacional com base na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA), de 1977, que confere ao presidente amplos poderes para impor sanções econômicas. Embora a legislação tenha sido usada historicamente contra países em conflito, esta é a primeira vez que serve como fundamento para tarifas comerciais. Especialistas preveem desafios jurídicos, já que a IEEPA nunca foi testada dessa forma. "Os tribunais historicamente têm apoiado o poder presidencial em ações emergenciais ligadas à segurança nacional", afirmou Tim Brightbill, do escritório Wiley Rein, mas ponderou que sua aplicação a tarifas pode enfrentar resistência.

A professora Jennifer Hillman, ex-juíza da Organização Mundial do Comércio (OMC), questionou a relação entre a emergência declarada e a solução proposta. "As tarifas não se aplicam apenas ao fentanil, portanto não há uma razão clara para que sejam necessárias no enfrentamento da crise de drogas ou imigração", disse.

Reação do México

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, reagiu duramente às declarações de Trump, que acusou o governo mexicano de manter alianças com organizações criminosas. Sheinbaum classificou as alegações como "calúnia" e defendeu a soberania do país, propondo uma mesa de trabalho conjunta para abordar questões de segurança e saúde pública.

"Se há aliança com grupos criminosos, ela ocorre nos Estados Unidos, que vendem armas de alto poder para essas organizações", rebateu Sheinbaum, mencionando a apreensão de mais de 40 toneladas de drogas e a prisão de mais de dez mil pessoas ligadas ao narcotráfico nos últimos quatro meses. A líder mexicana também criticou a falta de ação do governo americano no combate ao consumo de drogas. "Se o governo dos EUA quisesse enfrentar o grave consumo de fentanil, poderia combater a venda de entorpecentes em suas ruas", afirmou.

Sheinbaum reforçou que o México busca colaboração e não confrontação, propondo a criação de um grupo especializado para discutir soluções bilaterais. No entanto, alertou que seu governo preparará medidas de retaliação econômica para proteger os interesses do país caso as tarifas avancem.

Resposta do Canadá

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou a imposição de tarifas retaliatórias de 25% sobre C$ 155 bilhões (US$ 107 bilhões) em produtos americanos. "As ações de Trump terão consequências reais para os americanos", disse Trudeau, explicando que a medida afetará itens icônicos da economia dos EUA, como cerveja, vinho, bourbon, sucos, roupas e eletrodomésticos.

Trudeau alertou que as tarifas podem levar ao fechamento de fábricas nos EUA e aumentar custos para consumidores americanos. O primeiro-ministro também mencionou o impacto nas relações bilaterais, destacando a histórica cooperação entre os dois países. "Não pedimos por isso, mas não recuaremos. Comprem produtos canadenses, viajem pelo Canadá. Juntos, superaremos este desafio", concluiu.

Reação da China

O governo chinês também condenou a decisão dos EUA, classificando-a como uma "grave violação das regras do comércio internacional". O Ministério do Comércio da China anunciou que contestará a tarifa de 10% junto à OMC e adotará contramedidas.

Embora tenha assumido um tom mais diplomático do que em disputas anteriores, Pequim rejeitou as acusações de Trump sobre o fentanil. "O fentanil é um problema dos Estados Unidos. A China tem cooperado amplamente no combate às drogas e alcançado resultados notáveis", afirmou o Ministério das Relações Exteriores chinês. Especialistas indicam que as novas tarifas afetarão setores estratégicos da economia chinesa, mas Pequim parece disposta a manter o canal diplomático aberto para evitar uma escalada no conflito comercial.

Impactos e próximos passos

A imposição das tarifas por Trump amplia as tensões comerciais globais e pode levar a desafios jurídicos e políticos dentro dos EUA. O senador democrata Tim Kaine propôs uma legislação para restringir o uso da IEEPA na imposição de tarifas, argumentando que "os americanos querem preços mais baixos, não impostos desnecessários sobre produtos de nossos principais parceiros comerciais".

Se os tribunais validarem o uso da IEEPA para tarifas, o Congresso poderá precisar reformar a lei para reforçar a supervisão presidencial. "Permitir que Trump assine uma ordem executiva com uma canetada para impor tarifas desequilibra o sistema de pesos e contrapesos", alertou Peter Harrell, especialista em segurança nacional.

As próximas semanas serão decisivas para definir os rumos das relações entre os EUA e seus principais parceiros comerciais.


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