#ToComMST: internet reage a ataques que tentam criminalizar luta pela terra e agroecologia
Manifestações em solidariedade ficaram em destaque no Twitter, associando o MST à luta pela reforma agrária e por alimentação saudável

RBA- Após o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), determinar a abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), internautas reagiram à tentativa de criminalizar o movimento. A hashtag #ToComMST figurou em terceiro lugar entre os temas mais comentados no Twitter, na tarde desta quinta-feira (27).
As postagens destacam principalmente a história do MST pela democratização do acesso à terra no Brasil. Além disso, os internautas ressaltaram o papel do movimento na produção de alimentos agroecológicos, livres de agrotóxicos. Também lembraram da atuação solidária dos sem-terra, que doaram 1 milhão de marmitas e 5 mil toneladas de alimentos para os mais necessitados durante a pandemia.
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Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o coordenador nacional do MST João Paulo Rodrigues afirmou que não há fato que a justifique a CPI, que ele classifica como “perseguição política”. E que as ações do movimento estão “dentro do marco da democracia”.
Nesse sentido, ele disse que o MST vai “judicializar” a questão, recorrendo ao Supremo Tribunal Federal (STF), pois considera a CPI “inconstitucional”. Por outro lado, ele aposta em esforços dos deputados de partidos de esquerda para evitar a efetivação da comissão. “Nós já passamos por quatro CPIs, e o MST saiu mais forte de todas elas. A CPI é desnecessária e não acumula para o debate democrático no Brasil.”
Sobre as ocupações que o MST realizou durante sua jornada de lutas que ocorre todo ano em abril, João Paulo destacou que um dos principais objetivos era chamar a atenção da sociedade para o debate em torno da questão da reforma agrária. “Bem ou mal, o tema voltou para a pauta”. Ele afirmou que as negociações avançaram durante o atual governo, mas lamentou que nenhuma ação efetiva foi anunciada.
Cozinha escola e Feira Nacional da Reforma Agrária
Neste sábado (29), às 10h, o MST detalha em entrevista coletiva as próximas ações do movimento pela agroecologia e alimentação saudável: o lançamento de uma cozinha-escola e a volta, após cinco anos, da Feira Nacional da Reforma Agrária. A coletiva será no galpão diante do Armazém do Campo (Alameda Eduardo Prado, 460, Campos Elíseos, na região central de São Paulo). No mesmo local, será aberta a Cozinha Escola Pra Brilhar Dona Ilda Martins.
O evento terá participação de João Pedro Stedile, da direção nacional do MST, e do ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. A cozinha-escola é uma realização da campanha “Gente é Pra Brilhar, Não Para Morrer de Fome” e do grupo de juristas Prerrogativas. Após o ato, será servido um banquetaço, seguido de programação cultural.
A feira é o maior evento de comercialização dos produtos da reforma agrária, com oferta de alimentos saudáveis oriundos dos assentamentos e acampamentos do MST. E se consolidou como programa tradicional de gastronomia típica de todas as regiões – a “Culinária da Terra”. Além de apresentações artísticas e realização de seminários, conferências e lançamento de livros.
A feira, no Parque da Água Branca, também marca o início das comemorações dos 40 anos do MST. A expectativa é levar ao público 1.500 itens dos mais de 1.200 municípios onde o movimento atua.
Confira publicações do #ToComMST nas redes:
Quem tá com o MST curte esse tweet aqui pra gente testar uma coisa! #TôComMST pic.twitter.com/3w0S1dHYUt
— MST Oficial (@MST_Oficial) April 27, 2023
O @MST_Oficial é um dos maiores exemplos de CONSTRUÇÃO DO PODER POPULAR REVOLUCIONÁRIO do Brasil! A Reforma Agrária é essencial para o Brasil e lutar não é crime! Abaixo aos assédios do Estado!#ToComMST pic.twitter.com/k8jzIkksbd
— MTST (@mtst) April 27, 2023
O @MST_Oficial luta pelo direito à terra e já doou mais de 2,5 milhões de Marmitas Solidárias e 8,5 mil toneladas de alimentos para famílias em situação de fome e insegurança alimentar.
— Jilmar Tatto (@jilmartatto) April 27, 2023
É por isso que eu apoio e #TôComMST!
📸 Ricardo Stuckert pic.twitter.com/dk6fkP2EMA
A concentração de terras no Brasil tornou o meio rural brasileiro um lugar violento, marcado por exploração e desigualdade. Apoiar um movimento que luta pela reforma agrária e pela produção agrícola em modelo solidário é mais importante do que nunca! #ToComMST pic.twitter.com/QpBzNPJIiB
— Carapanã (@carapanarana) April 27, 2023
É RIDÍCULA a abertura da CPI do MST!
— Fernanda Melchionna (@fernandapsol) April 27, 2023
Tentativa desesperada da extrema direita de fazer uma cortina de fumaça na iminência da CPMI que vai desmascarar os golpistas do Brasil.#TôcomMST pic.twitter.com/LCOH4rtcAI
#ToComMST para desconcentrar a propriedade; produzir comida de verdade; gerar emprego e renda; desenvolver a agroindustria; desenvolver uma agricultura de baixo carbono e manter viva a esperança de que o povo organizado escreve a sua própria história! https://t.co/jEEG0lvIgj
— Juliane Furno (@julianefurno) April 27, 2023
Fake news
Antecipando o clima de desinformação que deve contaminar a CPI, o MST desmentiu hoje mais uma fake news. Dois vereadores gaúchos acionaram o Ministério Público do Rio Grande do Sul, acusando o MST de praticar propaganda enganosa. Eles alegam que o arroz agroecológico Terra Livre, produzido pelo movimento, estaria contaminado por agrotóxicos. Um suposto laudo emitido pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) comprovaria a tese dos parlamentares.
A Superintendência de Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul abriu processo administrativo para averiguação. Testes realizados pelo órgão comprovaram a ausência de produtos químicos, o que garante a autenticidade da produção orgânica.
O produto foi testado também pelo Laboratório de Análises de Resíduos de Pesticidas (LARP), da UFSM. O laudo oficial deixou claro que “não há detectáveis de nenhum dos agrotóxicos analisados nas amostras”. Para acionar o MP, os dois vereadores se basearam em suposto laudo emitido pela própria universidade.
“Trata-se, portanto, de uma nova fake news, que está sendo apurada pelos órgãos competentes, pois seu único objetivo é caluniar as cooperativas e prejudicar as famílias de agricultores que há anos lutam pela produção de alimentos saudáveis nos assentamentos da Reforma Agrária”, afirmou o MST, em nota. O movimento é reconhecido por ser o maior produtor de arroz orgânico da América Latina, e espera colher 16 mil de toneladas na atual safra.
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