Luzinaldo Soares

Saída de Moro e o show de horrores de Jair Bolsonaro

  • domingo, 26 de abril de 2020

Foto: Whats AppBolsonaro criança

 

Na última sexta-feira, o ex-Juiz e agora ex-Ministro da Justiça, Sérgio Moro, pediu demissão do cargo. E caiu atirando. Afirmou (com provas, divulgadas exclusivamente no Jornal Nacional da Rede Globo) que o Presidente Bolsonaro teria tentado interferir no trabalho da Polícia Federal, inclusive para que parassem de investigar deputados do PSL, partido da base do Presidente. 

Em um lapso, acabou confessando que pediu a Bolsonaro que garantisse uma pensão para a sua esposa caso acontecesse alguma coisa com ele, pedido esse que é ilegal e imoral, pois não há previsão de Lei para este tipo pensão.

Na parte da tarde, Bolsonaro deu uma entrevista coletiva que pode ser qualificada como um show de horrores. Fez um discurso errático, sem lógica e sem responder às acusações de Sérgio Moro. Falou de crimes cometidos pela sogra, da masculinidade do filho, do Queiroz (sumido há muito tempo) e acusou Sérgio Moro de exigir que fosse nomeado para o STF. No final praticamente disse que Moro queria seu cargo.

Foi um espetáculo dantesco, jamais visto na República brasileira. O sujo falando do mal lavado. O que se depreende da fala de ambos é que existe muita sujeira na República brasileira atual. Ambos confessam crimes, alguns bem graves, e o Presidente ainda trata com naturalidade nunca vista o fato de querer um Diretor da Polícia Federal para chamar de seu, o que demonstra sua mente patrimonialista e seu desdém pelo republicanismo.

Esse é o país que temos. Governado por pessoas sem qualquer apreço pelo Direito, pela Democracia e principalmente pela República. Tratam o Brasil como o quintal da sua casa. Moro, já conhecido pelo seu desprezo pelo direito processual e pelos direitos humanos, sai chamuscado, por praticamente assumir que pediu benefícios escusos para estar no governo. E Bolsonaro mostrou mais uma vez que não é só um louco, como dizem por aí: há graves indícios de corrupção no seu governo, além de envolvimento com milícias.

Espero que a Polícia Federal siga independente e autônoma como na era de Lula e Dilma, o que inclusive foi ressaltado pelo ex-Ministro Moro, e possa, com isso, investigar todo esse lamaçal que envolve os governantes atuais do País.

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