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Saiba mais sobre Leão XIV: suas idéias e os rumos da igreja Católica

Veja aqui o posicionamento do papa sobre temas polêmicos


Reprodução Saiba mais sobre Leão XIV: suas idéias e os rumos da igreja Católica
Robert Francis Prevost, o papa Leão XIV

O Vaticano anunciou nesta quinta-feira (8) a eleição do cardeal norte-americano Robert Francis Prevost como o novo líder da Igreja Católica. Aos 69 anos, o religioso escolheu o nome Leão XIV, tornando-se o primeiro papa nascido nos Estados Unidos e também o primeiro a adotar o nome “Leão” em mais de um século.

Natural de Chicago, Illinois, Prevost possui também cidadania peruana desde 2015 e é conhecido como o “pastor de duas pátrias” por sua longa trajetória missionária no Peru durante os anos 1980. Ele atuou por mais de uma década na cidade de Trujillo e, posteriormente, foi nomeado bispo de Chiclayo, cargo que ocupou de 2014 a 2023.

Prevost pertence à Ordem de Santo Agostinho, da qual já foi superior-geral. Recentemente, ele liderava o Dicastério para os Bispos — um dos cargos mais estratégicos do Vaticano, com influência direta na nomeação de bispos no mundo todo. Em fevereiro de 2025, foi promovido a cardeal-bispo da Diocese Suburbicariana de Albano, na província de Roma.

Durante sua primeira aparição na sacada da Basílica de São Pedro, Leão XIV prestou tributo ao papa Francisco, dizendo que a Igreja ainda pode ouvir “a voz fraca, mas sempre corajosa” de seu antecessor. Ele também destacou a importância da proximidade dos líderes religiosos com o povo, reafirmando uma de suas falas anteriores: “O bispo é chamado para ser humilde, para estar perto das pessoas, para caminhar com elas e procurar formas de viver melhor o Evangelho no meio de sua gente”.

Um nome com peso histórico

A escolha do nome Leão carrega simbolismo. O último pontífice a utilizá-lo foi Leão XIII, que liderou a Igreja entre 1878 e 1903 e é lembrado por sua defesa da doutrina social católica. Já Leão I, conhecido como “Leão, o Grande”, é célebre por ter convencido Átila, o Huno, a recuar durante sua invasão do Império Romano.

Com essa escolha, Leão XIV parece acenar à tradição de força, coragem e liderança moral em tempos de desafio. O nome “Leão” também empata com “Clemente” como o quarto mais comum entre os papas, atrás apenas de João, Gregório e Bento.

Uma liderança com raízes latino-americanas

A experiência missionária de Prevost no Peru moldou seu perfil pastoral e lhe deu fluência no espanhol, além de um profundo entendimento das dinâmicas da Igreja na América Latina. Ele é visto como um moderado, alinhado com as reformas iniciadas por Francisco, especialmente em relação à opção preferencial pelos pobres, à imigração e à defesa do meio ambiente.

Embora mantenha posturas conservadoras em temas como a ordenação de mulheres, Leão XIV presidiu reformas que incluíram três mulheres no bloco de votação que assessora o papa na escolha de novos bispos. Também já se manifestou contra a pena de morte e políticas migratórias restritivas, criticando declarações de autoridades americanas, como o vice-presidente JD Vance.

Viagem ao Brasil

Prevost havia sido convidado para participar da Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, em Aparecida (SP), entre 30 de abril e 9 de maio. Ele seria o responsável pela pregação do retiro espiritual nos dois primeiros dias do evento. A viagem, no entanto, foi cancelada após o falecimento do papa Francisco e a consequente convocação do conclave, do qual ele emergiu como novo pontífice.

Perfil e visão pastoral

Apesar do perfil discreto, Leão XIV tem histórico de posicionamentos firmes em temas sensíveis. É contrário à pena de morte e à castração química, defende uma Igreja mais próxima dos marginalizados e acredita que bispos devem viver com humildade, em sintonia com o povo.

Em relação às mulheres, mantém uma posição conservadora sobre a ordenação, mas foi protagonista de reformas ao incluir três mulheres no comitê responsável pela escolha de novos bispos — gesto visto como um avanço simbólico e prático.

Leão XIV também já criticou duramente medidas restritivas à imigração nos Estados Unidos e rebateu publicamente declarações do vice-presidente JD Vance, dizendo: “Jesus não nos pede para classificar nosso amor pelos outros”.

Continuidade com a era Francisco

Assim como seu antecessor, Leão XIV parece comprometido com uma Igreja voltada aos pobres, aos migrantes e ao cuidado ambiental. Analistas do Vaticano apontam que sua eleição representa, mais do que uma ruptura, uma continuidade da agenda pastoral de Francisco, mas com um estilo mais reservado e diplomático.

Ao escolher um nome carregado de história, o novo papa envia uma mensagem: seu pontificado poderá buscar, como o de Leão XIII, conciliar tradição com os desafios contemporâneos da fé e da justiça social. 

Reações internacionais à eleição de Leão XIV

A eleição de Leão XIV teve forte repercussão mundial, com líderes políticos e chefes de Estado de diversas partes do planeta enviando mensagens de felicitações ao novo pontífice.


Nos Estados Unidos, o ex-presidente Donald Trump escreveu: “Parabéns ao Cardeal Robert Francis Prevost, que acaba de ser nomeado Papa. É uma grande honra saber que ele é o primeiro Papa americano. Que emoção e que grande honra para o nosso país”.

O presidente da Argentina, Javier Milei, postou uma imagem simbólica de um leão vestido como papa, com a legenda: “As forças do Céu deram seu veredito. Chega de palavras, Sr. Juiz. Fim”.

Do Peru, país que considera Prevost como filho adotivo, o presidente Gustavo Petro afirmou: “Espero que ele seja o grande líder dos migrantes no mundo e que encoraje nossos irmãos migrantes latino-americanos, hoje humilhados nos Estados Unidos”.

Santiago Peña, presidente do Paraguai, declarou: “Que sua liderança traga esperança, diálogo e unidade em um momento em que precisamos mais do que nunca dos valores cristãos para construir um mundo mais humano”.

O presidente do Equador, Daniel Noboa, escreveu: “Acolhemos o Papa Leão XIV com esperança em nossos corações. Que sua palavra una, conforte e guie milhões em tempos de incerteza”.

Claudia Sheinbaum, presidente do México, destacou a convergência entre sua visão e a do novo papa: “Reafirmo nossa convergência humanista pela paz e prosperidade mundial”.

José Raúl Mulino, presidente do Panamá, afirmou: “Que seu pontificado seja um farol de paz, unidade e esperança para a humanidade”.

Na Europa, Emmanuel Macron, presidente da França, chamou a eleição de “um momento histórico para a Igreja Católica” e desejou que “este novo pontificado traga paz e esperança”.

O chanceler alemão Friedrich Merz destacou a figura de Leão XIV como “um farol de justiça e reconciliação”, enquanto o premiê britânico Keir Starmer afirmou que o momento é de “profunda alegria para os católicos do Reino Unido e do mundo”.

A italiana Giorgia Meloni enfatizou que o novo papa será “um guia e ponto de referência para os italianos”, e o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez declarou esperar que o pontificado “contribua para o fortalecimento do diálogo e a defesa dos direitos humanos”.

No cenário europeu, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, expressaram confiança de que Leão XIV “promoverá valores compartilhados e incentivará a unidade em um mundo mais justo”.

Fora da Europa, o presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed Bin Zayed, enviou votos de sucesso “na promoção da paz e da harmonia no mundo”. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, valorizou o apoio contínuo da Santa Sé à integridade territorial ucraniana. Já o presidente da Rússia, Vladimir Putin, desejou ao novo papa “boa saúde e sucesso na missão que lhe foi confiada”.

Do Líbano, o presidente Joseph Aoun afirmou que reza para que Leão XIV “espalhe a mensagem de amor e paz, promovendo o diálogo entre religiões e culturas”.

A partir de hoje, a Igreja Católica entra em um novo capítulo — com sotaque americano, raízes latino-americanas e um nome que ecoa força e renovação.


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