"Queremos respeito reverencial à terra-mãe que nos agasalha", Manuel Domingos
Veja discurso proferido pelo historiador no lançamento da revista Peleja

Aconteceu ontem, o lançamento da revista Peleja e a posse de novos membros da Academia Piauiense de Cultura. Representando os integrantes, o professor e historiador Manuel Domingos proferiu o discurso a seguir.
Estamos honradíssimos com a presença de todos.
Saudando o presidente da Assembleia Legislativa, Severo Eulálio, cumprimento as numerosas e diversificadas instituições aqui representadas.
O deputado Severo me traz grata recordação de seu pai, Kleber Eulálio, meu companheiro na luta pela redemocratização do Brasil.
Está em nossa companhia a doutora Fides Angélica, da Academia Piauiense de Letras, os integrantes do Conselho Estadual de Cultura presidido por Nelson Nery e integrantes das administrações superiores de nossas universidades.
Esta é a primeira vez que a APC se apresenta abertamente à sociedade piauiense. Cabe dizer quem somos e o que pretendemos.
Somos das letras, das ciências e das técnicas, da música e da dança, da fotografia e do cinema, da arquitetura e do urbanismo, da pintura e da escultura, do teatro, dos folguedos, das cantorias e do carnaval.
Somos de todas as linguagens e expressões artísticas.
Somos apaixonados pelo Piauí. Esta paixão está expressa na revista PELEJA, agora à disposição de todos.
Esse periódico não conta com recursos públicos. Dependemos de vocês para que a próxima edição seja mais bonita e densa.
Queremos o pleno desenvolvimento de nossa sociedade. Queremos dignidade para todos e respeito reverencial à terra-mãe que nos agasalha.
Pedimos a benção aos nossos antepassados, os povos originários e os vaqueiros; aos africanos escravizados; aos europeus, árabes, sírios, libaneses e retirantes da seca do semiárido que buscaram sobrevivência no Piauí. Somos do acolhimento.
Não descendemos de bandeirantes. Somos herdeiros de homens e mulheres que produziram a proteína animal que viabilizou a colonização do Brasil.
Repelimos o estigma de pedintes sem arrimo. Reivindicamos a parte que nos toca na construção deste país. O Brasil deve muito ao Piauí.
A generosidade dessa terra rica e bonita ensejou uma sociedade diversificada e complexa.
Temos gigantescos desafios. O maior de todos é o cuidado com nossas crianças e jovens. Chega de malbaratar nossos tesouros. Que todos tenham chance de desenvolver seus talentos.
Queremos rabecas, pianos, violinos, flautas, bandolins, pincéis, telas, teatros, livros e laboratórios ao lado de quadras de esportes. Precisamos de dançarinos e grupos musicais em todos os municípios e povoados.
Queremos professores bem pagos e capacitados para preparar nossos cidadãos do futuro. Boas instalações são tão importantes quanto mestres estimulados e competentes.
A escola não pode apenas instruir jovens para brilhar em exames formais ou concursos públicos: deve cultivar o altruísmo, a solidariedade, o respeito à diversidade e o amor pela terra-mãe.
Os jovens precisam conhecer e reverenciar nossas origens, ter ciência de nossas mazelas e se preparar enfrentá-las com firmeza e criatividade.
Os jovens precisam acreditar em nosso futuro promissor e ostentar amor-próprio coletivo, único jeito de o Piauí se fazer respeitado.
Felipe Mendes ensina: sem produção cultural, técnica e científica não há desenvolvimento econômico sólido. Leiam seu artigo na revista PELEJA. As políticas culturais são, por definição, transversais. Queremos discutir essas políticas.
Chamamos as autoridades públicas e a sociedade para cuidar de nosso patrimônio histórico. Em parceria com as universidades e todas as instituições concernentes, levantamos a bandeira da revitalização dos centros históricos de Teresina e Parnaíba.
Por todos os rincões do Piauí há relíquias que precisamos conhecer, cuidar e reverenciar. Não há forma mais eficaz de cultivo do orgulho piauiense.
Nossa entidade se fortalece com a presença de Diva Figueiredo, nossa maior autoridade em patrimônio histórico. Leiam seu testemunho na revista PELEJA.
Em tempos sombrios, de crescimento do obscurantismo e de ameaças autoritárias anunciadoras de hecatombes é preciso cantar e alegrar a cidade. Daí recebermos honrosamente o incansável maestro Aurélio Melo, capa de nossa revista e o temperado folião Messias Jr. Abafar a sinfonia e o carnaval é crime de lesa-alegria.
O poeta da fotografia Paulo Gutemberg completa a lista dos novos membros da Academia Piauiense de Cultura. Seu toque fez de nossa revista PELEJA uma obra de arte.
Estamos agora mais preparados para revelar nosso amor pelo Piauí e trabalhar por seu desenvolvimento multidimensional.
Veja também: Academia Piauiense de Cultura lança revista e empossa novos membros
Deixe sua opinião: