Política

Prisão e bens bloqueados: o temor de Bolsonaro

A abertura de um inquérito contra Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aumentou a tensão entre aliados de Jair Bolsonaro


Reprodução Prisão e bens bloqueados: o temor de Bolsonaro
A tensão toma conta dos Bolsonaros

DCM - A abertura de um inquérito contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), determinada por Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), aumentou a tensão entre aliados de Jair Bolsonaro (PL) e reforçou o temor de que o ex-presidente possa ser preso em breve.

Na última segunda-feira (26), Moraes atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e autorizou a investigação contra o “filho 03” de Bolsonaro por ter atuado, nos Estados Unidos, para que o governo de Donald Trump aplicasse sanções contra ministros do STF.

No mesmo despacho, Moraes determinou que Jair Bolsonaro compareça à Polícia Federal (PF) para prestar depoimento em até dez dias. A ordem se baseia em uma declaração anterior do ex-capitão, na qual ele afirma ser “o responsável financeiro pela manutenção de Eduardo Bolsonaro em território americano”.

Eduardo está licenciado do mandato e vive nos EUA desde fevereiro. Entre os crimes que estão sendo investigados pela PF estão obstrução de Justiça, organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e coação no curso do processo.

A possibilidade de medidas mais duras, como prisão preventiva ou bloqueio de bens, deixou o entorno de Bolsonaro em alerta. Segundo aliados, ele tem demonstrado preocupação constante com o avanço das investigações e com a possibilidade de ser alvo de novas decisões de Moraes, mesmo que a apuração contra Eduardo ainda esteja em fase inicial.

“A prisão preventiva de Bolsonaro, que parecia fora de propósito, pelo menos neste momento, agora passou a ficar mais concreta. O risco é real”, disse uma fonte próxima ao caso. “Quando Moraes determina o depoimento de Bolsonaro, quer insinuar que o ex-presidente está financiando alguém que está cometendo um crime agora, no exterior – no caso, o Eduardo.”

Despesas de Eduardo nos EUA

Bolsonaro afirmou recentemente que tem arcado com os custos do filho nos EUA com parte dos R$ 17 milhões arrecadados via pix em 2023. O dinheiro foi doado por apoiadores com a justificativa de ajudar o ex-mandatário a pagar multas recebidas durante seu governo, como as impostas por descumprimento de regras sanitárias na pandemia.

“Eu estou bancando as despesas dele agora. Se não fosse o pix, eu não teria como bancar essa despesa, ele está sem salário e fazendo o seu trabalho de interlocução com autoridades no exterior. O que queremos é garantir a nossa democracia, não queremos um Judiciário parcial”, afirmou.

“Ele resolveu ficar por lá, nós conversamos quase todos os dias, mas são diálogos reservados. Quero que ele dispute o Senado em 2026, mas precisamos que os ventos mudem. Ainda não sei se ele retorna da licença, estamos na metade do prazo de 120 dias. Eu não quero ficar longe do meu filho.”

Ao justificar a abertura do inquérito, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, argumentou que “as evidências conduzem à ilação de que a busca por sanções internacionais a membros do Poder Judiciário visa a interferir sobre o andamento regular dos procedimentos de ordem criminal, inclusive ação penal, em curso contra o sr. Jair Bolsonaro e aliados”.

Na semana passada, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado anunciou uma nova campanha de arrecadação para ajudar Bolsonaro a cobrir despesas com advogados, passagens e os gastos de Eduardo nos EUA. Segundo ele, o ex-presidente já utilizou R$ 8 milhões dos R$ 17 milhões recebidos.

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