Política

‘Prefiro o Lula’: após frase, Wajngarten é demitido por ordem de Michelle

Ex-advogado de Bolsonaro se vê isolado após revelação de que atacou e debochou da ex-primeira-dama em conversa privada com Mauro Cid


Reprodução ‘Prefiro o Lula’: após frase, Wajngarten é demitido por ordem de Michelle
Michelle Bolsonaro e Fábio Wajngarten

O ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, foi oficialmente desligado do Partido Liberal (PL) na terça-feira (20), após a revelação de conversas privadas em que ele e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid debocham da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e criticam sua eventual candidatura à Presidência da República em 2026. A decisão foi tomada pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, a pedido de Michelle.

O episódio provocou uma crise entre os principais nomes da extrema direita brasileira, isolando Wajngarten, que até recentemente era considerado uma das vozes mais influentes do entorno bolsonarista. Nem Jair Bolsonaro nem Michelle se pronunciaram publicamente sobre o caso, e o silêncio de figuras ligadas ao ex-presidente evidencia o mal-estar causado pelos áudios vazados.

As gravações, divulgadas, mostram uma troca de mensagens entre Wajngarten e Mauro Cid em 27 de janeiro de 2023. Na conversa, ambos ironizam a possibilidade de Michelle disputar o Planalto. Em tom de deboche, Cid afirma "Prefiro o Lula", seguido por gargalhadas. Wajngarten responde: "idem".

Wajngarten também critica duramente a ex-primeira-dama, compartilhando mensagens que ironizam o salário de Michelle no PL e questionam o julgamento político de Valdemar da Costa Neto. Em um dos trechos, Cid chega a afirmar que Michelle seria "destruída" se tentasse entrar na política, alegando que "ela tem muita coisa suja... não suja, mas a personalidade dela".

A repercussão foi imediata. Internamente, o PL considerou as declarações de Wajngarten como “desleais” e incompatíveis com o discurso público do partido. Segundo aliados, Michelle teria ficado “profundamente ofendida” com o conteúdo dos áudios e exigiu a saída do ex-secretário, que também integrava a ala jurídica de defesa de Bolsonaro.

Dentre as lideranças bolsonaristas, apenas o comentarista Paulo Figueiredo, aliado próximo de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), manifestou apoio público a Wajngarten. "Com todos os defeitos, o Fabio fará enorme falta", escreveu Figueiredo nas redes sociais, em defesa do ex-secretário. Wajngarten agradeceu o gesto: "Agradeço vosso apoio de sempre e incondicional".

Mesmo diante da repercussão, o ex-presidente Jair Bolsonaro tentou minimizar o episódio. Em entrevista ao Metrópoles, classificou a conversa como “besteira”. "Michelle botava ordem na casa e o pessoal não gostava, mas não justifica essa troca de mensagens", disse, criticando o momento em que as mensagens foram trocadas — janeiro de 2023, quando ele ainda estava elegível.

A queda de Wajngarten expõe fissuras internas no bolsonarismo e reforça a centralidade crescente de Michelle Bolsonaro no projeto político do PL. Para analistas, a reação contundente à traição nos bastidores pode ser um indicativo de que o nome da ex-primeira-dama está sendo trabalhado seriamente como possível candidata à sucessão presidencial de 2026.

Até o momento, Wajngarten segue em silêncio sobre o futuro de sua atuação política.

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