Segurança Pública

"Precisamos acolher essas mulheres", afirma delegada Nathália Figueiredo

Delegada do Núcleo de Feminicídios conversou com o Pensar Piauí nesta terça-feira (29)


Renato Rodrigues/Pensar Piauí "Precisamos acolher essas mulheres", afirma delegada Nathália Figueiredo
Delegada Nathália Figueiredo

O número de feminicídios no Piauí aumentou em relação à 2023 e passou de 28 para 35, de acordo com a delegada Nathália Figueiredo, do Núcleo de Combate ao Feminicídio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil. Em Teresina, o caso mais recente envolveu a senhora Maria de Jesus, 73 anos, morta pelo então namorado, Francisco Firmino, 44 anos. Ela foi encontrada no banheiro de sua casa, no Parque Brasil, zona Norte de Teresina.

“Não só o feminicídio, mas a violência doméstica familiar contra a mulher é muito complexa. É fundamental uma atuação incisiva da segurança pública, a gente tem observado como isso tem acontecido no Piauí, com mais prisões de feminicidas realizadas, no entanto, quando a gente observa o número de casos, vemos que aumentamos. Porque os números estão crescendo se há mis atuação contra o feminicídio?”, indaga a delegada.

Para ela, para além da atuação das forças de segurança e da Justiça, cujo papel é preponderante, é necessário que as redes de apoio e acolhimento estejam à disposição das mulheres desde os primeiros sinais de violência. Segundo a delegada Nathália, um crime contra a mulher não tem início no feminicídio, mas sim na agressão, seja física ou psicológica. De acordo com o Atlas da Violência, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em março deste ano, 2023 registrou 1.463 casos de feminicídio, o que representa uma alta de 1,6%. Este foi o maior número já registrado desde que a lei contra este crime foi criada, em 2015.

“Nós precisamos ir ao nascedouro disso, acolher e cuidar desta mulher, fortalece-la para que elas saiam destes ciclos de violência estes muros não cresçam. Além do mais, uma atuação mais efetiva no que tange às nossas crianças, os números mostram que muitos desses agressores vêm de ambiente familiar violento, cresceram vendo o pai bater na mãe, o avô batendo na avó. No que diz respeito à segurança pública, estamos tentando fazer nosso papel, inclusive a parceria com o Poder Judiciário e o Ministério Público tem sido fundamental”, afirmou a delegada Nathália.

Novos métodos de denúncia

A conscientização das próprias mulheres quanto às formas de violência é fundamental. Ter ciência de que não é aceitável. Agora, com novos métodos para denúncia como o “Ei mermã, não se cale” e a solicitação de medida protetiva online, a expectativa é de que haja maior ação.

“Isso é importante até porque muitas mulheres não se veem como vítimas de violência doméstica e familiar. Por muito tempo pensou-se que essa violência era restrita a física, somente quando o companheiro batia nelas. Agora, muitas mulheres conseguem perceber quando são vítimas de violência sexual, psicológica. Agora com estes métodos, a mulher sabe aonde estão os centros de referência que podem acolhê-la, aonde ficam as delegacias. A internet vai facilitar as denúncias”, afirmou.

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