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Por que tanto medo, então, de uma moça de 20 e poucos anos?

Tamimi é um emblema daquilo que falta a Israel hoje: força moral


Foto: DivulgaçãoAhed Tamimi  é mais uma vítima do terror de Israel
Ahed Tamimi é mais uma vítima do terror de Israel

 

Por Luis Felipe Miguel, professor no facebook 

Ahed Tamimi foi presa novamente. Desta vez, a acusação foi ter pretensamente postado uma mensagem de “incitação ao terrorismo” numa rede social – embora a família garanta que todas as contas em nome dela são falsas.

Quando ela tenta abrir uma conta, Zuckerberg bloqueia.

Israel tem suas armas modernas, legais e ilegais, que os Estados Unidos lhe fornecem. Tem bombas atômicas – e alguns de seus líderes políticos namoram até a ideia de jogá-las contra Gaza.

Por que tanto medo, então, de uma moça de 20 e poucos anos?

Quando ainda era uma menina de 11, Tamimi enfrentou militares israelenses armados de metralhadoras que prendiam sua mãe.

Anos depois, aos 16, ela mesma foi presa. Tinha dado tapas em soldados que invadiam sua casa, depois que seu primo, de 15, atingido na cabeça por uma bala de borracha, fora levado ao hospital, em coma.

Na ocasião, políticos e jornalistas israelenses pediam prisão perpétua, quando não que ela fosse morta ou estuprada na prisão.

Em suma: Tamimi é um emblema daquilo que falta a Israel hoje: força moral.

O brutal ataque do Hamas foi condenado por toda a opinião pública mundial. Mas cumpriu seu objetivo: chamou a atenção para as condições desumanas em que Israel mantém a população de Gaza há tantos anos – e para a tragédia do povo palestino, expulso de suas terras e de suas casas, alvo de um processo de limpeza étnica promovido por uma potência colonizadora.

A resposta israelense ao ataque do Hamas, absolutamente desproporcional, visando a população civil, empilhando um crime de guerra depois do outro, só confirmou: o objetivo é o extermínio do povo palestino.

A cada dia, somos impactados por novas imagens do massacre em Gaza. Os alvos são ambulâncias, hospitais, escolas, universidades, campos de refugiados, prédios residenciais.

Segundo estimativa da Unicef, mais de 400 crianças palestinas estão sendo mortas ou feridas por dia.

“Empoderado” pelo apoio dos Estados Unidos, Israel desdenha dos apelos das Nações Unidas por um cessar-fogo.

O embaixador de Israel foi ao plenário da ONU com uma estrela amarela pregada no peito. Uma tentativa desesperada de lembrar do Holocausto e usá-lo para justificar as atrocidades cometidas hoje.

É um desrespeito gritante com as vítimas da maior tragédia humanitária da Europa no século XX. Até o diretor do Memorial do Holocausto, mesmo sendo sionista, teve que repreender o embaixador israelense.

Mas é isso: o Estado de Israel usa o Holocausto para calar seus críticos e esconder o fato de que suas ações são moralmente indefensáveis.

Na mídia, qualquer associação de Israel com as práticas nazistas é vetada como “antissemitismo”. Mera tentativa de interdição do debate.

A crítica é feita a um Estado, não a um povo ou a uma religião. Um Estado, aliás, que não hesita em reprimir severamente os judeus que ousam criticar suas políticas racistas e genocidas.

O que Israel faz na Palestina é um blend do colonialismo europeu com o nazismo.

Em pleno século XXI, o mundo não pode se limitar a “lamentar”. São urgentes medidas efetivas para pressionar o governo israelense e estancar a mortandade em Gaza.

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