Policial infiltrado vazava informações sobre a segurança de Lula a aliados de Bolsonaro; ouça
As mensagens foram gravadas em 13 de dezembro de 2022

Áudios obtidos pela Polícia Federal (PF) durante a investigação da trama golpista revelam que Wladimir Matos Soares, agente da própria corporação, se infiltrou na segurança do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para vazar informações sobre sua proteção a aliados de Jair Bolsonaro (PL).
A apuração indica que Soares, preso em novembro de 2024, enviou mensagens de áudio a Sérgio Rocha Cordeiro, capitão da reserva e então assessor de Bolsonaro, repassando detalhes sobre a estrutura de segurança de Lula. As mensagens foram gravadas em 13 de dezembro de 2022, um dia após a diplomação do petista.
Em um dos áudios, o agente relata movimentações suspeitas: “Ô, irmão, eu tô aqui na coordenação desse evento, né, velho, de posse, aí eu vim pras fixas dos hotéis coordenando isso aqui, aí o gerente ligou dizendo que esses caras entraram, tá no nome de Misael, essa reserva aí, que entraram quatro caras que não quiseram se identificar, dizendo ser Polícia Federal, aquela coisa toda”.
Segundo a PF, a mensagem foi enviada logo após o agente encaminhar uma imagem com os dados da CNH de Misael, acompanhada de emojis de sirenes e da mensagem “Uu” e “Vc conhece”. Cordeiro responde: “Vou verificar”.
A PF afirma que a referência era a Misael Melo da Silva, integrante da equipe pessoal de Lula. Pouco depois, Soares envia outro áudio a Cordeiro, informando que Misael fazia parte do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e que uma equipe do Comando de Operações Táticas (COT) da PF havia sido acionada para proteger Lula devido à tentativa de invasão da sede da Polícia Federal em Brasília.
“O Misael, ele é do GSI, sim. E… Ele está à disposição do candidato, do Luiz Inácio. E o que acontece, cara? Ele… Como rolou aquela situação no prédio da Polícia Federal ontem, eles acionaram a equipe do COT. E uma equipe do COT, como Lula estaria ali no prédio né, do… Do Meliá. É… Uma equipe do COT ficou à disposição próxima”, detalha o agente.
No áudio, Soares afirma que apenas compartilhou a informação para manter Cordeiro atualizado. Ele encerra com uma declaração de apoio ao golpe: “Vamo torcer, meu irmão. Tamo aqui nessa torcida. Essa porra tem que virar logo. Não dá pra continuar desse jeito, não, irmão. Vamo nessa. Eu tô pronto.”
As informações sobre o policial federal infiltrado fazem parte do relatório da PF, que destaca seu envolvimento no monitoramento de Lula. Os investigadores apontam que esses registros ganham ainda mais peso diante do plano de assassinato contra o então presidente eleito e outras autoridades, que estava em fase de organização.
A PF concluiu que, ao fornecer informações estratégicas que poderiam ter subsidiado ações golpistas, Soares atuou diretamente com a organização criminosa. A corporação cita, ainda, mensagens “enfáticas” de Wladimir que demonstrariam “aderência subjetiva à ruptura institucional, que estava em execução naquele momento”.
Com informações do DCM
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