Arnaldo Eugênio

Os sabotadores da nação

Trump defende Bolsonaro e ataca instituições brasileiras, em discurso que afronta a soberania nacional


Alan Santos / PR Os sabotadores da nação
Bolsonaro e Trump

A verborreia trumpista de tentativa de ingerência externa na soberania do Brasil se associa às falas dos perpetradores da trama golpista ou atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 – ou ainda à “Intentona Bolsonarista de 8 de janeiro” –, visando formar uma organização de sabotadores da nação sob a ideologia de extrema-direita.

Pois, o que parece ser apenas uma aberração política despretensiosa é, na verdade, uma fala ofensiva de sabotadores da nação à soberania do país e de apoio aos falsos patriotas, que se fantasiam de verde-e-amarelo e usam “Deus acima de tudo”, para mascarar o modus operandi violento e ditatorial sob a Necropolítica.

Assim, quando o presidente dos Estados Unidos Donald Trump – um inculto clássico sobre a formação do povo brasileiro – fala em “caça às bruxas” e defende o líder da intentona golpista – “Deixem ele em paz” –, além defender o golpe de Estado, atentar contra a soberania do país e ofender a nação brasileira, mostra-se um ignóbil sociojurídico ao afirmar sobre um réu: “- Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo. [...] e que realmente amava seu país”.

Longe de negar a força política do ex-presidente Jair Bolsonaro, é falsa a afirmação de Trump de que “Isso não é nada mais, nada menos, do que um ataque a um oponente político". Pois, mesmo instrumentalizando as instituições estatais nas eleições de 2022, Bolsonaro foi derrotado nas urnas, pela maioria dos votos dos eleitores brasileiros (50,90%). Isto é, o “presidente made in USA” ouviu o galo cantar, mas confundiu o lugar e o tipo de ave, tentando adivinhar a cor da chita; liberdade de expressão não é injúria.

A declaração em tom de ameaça de Trump de possível ingerência americana nas eleição de 2026, com a possibilidade de convocar a embaixadora, desconhece que o julgamento popular já foi feito pelos eleitores do Brasil – isso se chama Eleição – e que o Brasil é um país soberano, o que significa que ele possui o mais alto poder de decisão e controle sobre seu território, população e assuntos internos, sem estar subordinado a nenhuma outra entidade externa.

Assim, o fato de Trump ir às redes sociais – um berçário de fake news da extrema-direita – achincalhar autoridades brasileiras e, por meses, Eduardo Bolsonaro e parlamentares bolsonaristas fazerem visitas aos gabinetes de aliados ianques, não altera em nada os processos conduzidos pelo STF no Brasil. Além de explicitar o pleno desmazelo com a representatividade política por parte dos parlamentares, que negam e desvirtuam as características, os interesses e os valores da população que eles devem representar.

Logo, quando os parlamentares bolsonaristas se sujeitam e expõem o país de forma vexatória, para convencer a base mais radical dos republicanos ianques a agir contra as autoridades brasileiras, eles se comportam como inimigos da pátria; se postam como sabotadores da nação; e dignos de reprovação pública.

A esse cenário de necropolítica da extrema-direita bolsonarista ainda se soma o silêncio acovardado (e conveniente) do Congresso Nacional, compondo um triste mosaico de antagonismos devastadores. Pois, para além de ideologias partidárias, se trata de ofensa à soberania do país e à dignidade do povo brasileiro. A soberania, ou a independência política e jurídica, é fundamental para a existência de um estado-nação moderno e respeitável.

Por isso, o Presidente Lula, enquanto estadista notável e distinto dos aloprados Trump e Bolsonaro, foi a público em defesa nacional, ratificando que “somos um país soberano", "não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja [...], pois “ninguém está acima da lei".

Portanto, o Brasil não é refém da extrema direita nos EUA nem de Trump anômalo, e devemos repudiar – como Lula – os ataques trumpistas às instituições da República, incluindo a praxe diplomática.

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