Política

Os "moleques" Carlos Jordy e Nikolas Ferreira e a política do espetáculo e o esvaziamento do debate público

Em audiência na Câmara, ministro defendeu as contas do governo Lula e disse que resultados do governo Bolsonaro foram maquiados


Reprodução Os "moleques" Carlos Jordy e Nikolas Ferreira e a política do espetáculo e o esvaziamento do debate público
Ferreira e Jordy tumultuam sessão com participação de Fernando Haddad

A audiência pública com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na Câmara dos Deputados, escancarou mais uma vez a fragilidade argumentativa e o descompromisso com o debate sério de figuras como Carlos Jordy (PL-RJ) e Nikolas Ferreira (PL-MG). Em vez de exercerem com responsabilidade a função parlamentar — fiscalizar, questionar e dialogar —, os dois deputados optaram por uma encenação política que visa mais os algoritmos das redes sociais do que a busca por soluções para o país.

A performance de Jordy e Nikolas seguiu o manual do populismo digital: falas inflamadas, distorções de dados e a fuga estratégica do plenário antes que as respostas aos seus ataques fossem apresentadas. O ministro Haddad foi direto ao definir o comportamento como “molecagem”, o que, convenhamos, é até uma descrição suave diante da desonestidade intelectual e da tentativa deliberada de sabotar o debate democrático.

Nikolas Ferreira, por exemplo, transformou a audiência em um palco para reforçar boatos desmentidos pelo próprio governo — como a suposta taxação do Pix —, alimentando um clima de histeria política útil apenas ao bolsonarismo digital. Já Carlos Jordy voltou ao já desgastado discurso do “maior déficit da história”, sem qualquer menção às bombas fiscais herdadas do governo anterior, como o calote nos precatórios, o rombo deixado com a compensação do ICMS dos combustíveis e a venda da Eletrobras a preço de liquidação.

Ao se recusarem a ouvir as respostas do ministro — especialmente sobre o falso “superávit” de 2022, alcançado às custas de medidas irresponsáveis —, os dois deputados demonstraram o que realmente representam: não uma oposição construtiva, mas uma oposição que vive da negação do debate e da fabricação de narrativas.

Haddad foi enfático ao relembrar que, diferentemente do que a oposição propaga, as medidas fiscais propostas pelo governo miram a redução de privilégios que beneficiam menos de 1% da população — como isenções para papéis de dívida que nem mesmo chegam aos setores produtivos. A tentativa é clara: corrigir distorções estruturais e sustentar um ciclo de crescimento econômico com responsabilidade.

O contraste é gritante: de um lado, um ministro que apresenta números, reconhece distorções e está disposto a negociar. Do outro, parlamentares que abandonam o plenário antes de serem confrontados com os fatos, preferindo edições de vídeos virais a argumentos consistentes.

A estratégia é transparente: quando não há como sustentar comparações com a gestão Lula — que registra queda do desemprego e crescimento do PIB —, resta à extrema direita o teatro. Mas teatro não paga precatório, não sustenta emprego, não fecha conta pública.

O Brasil precisa de um Parlamento à altura dos desafios que enfrenta. Mas enquanto figuras como Carlos Jordy e Nikolas Ferreira insistirem em substituir a política pelo marketing de indignação, o país seguirá prisioneiro de uma polarização estéril — onde o que menos importa é a verdade, e o que mais importa é a próxima curtida.

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