Por Luis Felipe Miguel, no Facebook 

A imprensa pinta e borda com as brigas internas do PSOL por causa de financiamento de campanha de candidatos às eleições proporcionais.

A reportagem da Folha de hoje faz questão de mascarar pontos sensíveis de algumas discussões - diz que RenovaBR e Raps são "cursos [que] formam jovens políticos de diversos espectros ideológicos", o que é simplesmente mentira, e chama os banqueiros doadores de "pessoas".

Mas o fato é que o PSOL mostra enorme dificuldade para atuar como partido. É um mostruário de causas progressistas, que oferece aos eleitores um cardápio de candidaturas bacanas e depois opera como uma federação de mandatos.

Mesmo estrelas do PSOL muitas vezes apresentam discursos públicos em que o partido é um detalhe negligenciável, quando não simplesmente um fardo a ser carregado por imposição da legislação.

Posso estar enganado, mas sinto nos últimos tempos uma ofensiva - da mídia e de setores arejados da burguesia - para capturar o PSOL. Assim como foi feito com o PT, nos anos 1980 e 1990, com os incentivos para os chamados "light" e a estigmatização dos que seriam "xiitas".

No caso do PSOL, parece que um objetivo é fazer com que as demandas emancipatórias de diversos grupos subalternos, que o partido acolhe, se acomodem na forma do "identitarismo" - a afirmação de identidades como fim em si mesmo, exigindo apenas mudanças pontuais no sistema.

Com isso, bloqueando o outro caminho que o PSOL poderia trilhar: o de se tornar um partido de referência para a esquerda socialista no Brasil, abrigando diversas agendas a partir desta perspectiva programática.

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