Política

O que ocorre para vir à público a nova direita do PT ?

Isso merece investigação, mas por hora o autor se restringe a Paulo Freire


Foto: Montagem pensarpiauíA nova direita do PT
A nova direita do PT

Por Rudá Ricci, sociológo, no twitter  

Está sendo muito interessante observar alguns dirigentes petistas explicitando sua visão absolutamente oposta às tradições do PT. Algo ocorre no subterrâneo da disputa partidária que vem propiciando a emergência dessa "nova direita".

De um lado, um dirigente nacional aparece sorridente, ao lado, do ex-ministro da saúde bolsonarista que provocou a desmontagem de todo sistema de vacinação de massas brasileiro e não atendeu as populações mais vulneráveis durante a pandemia. Um verdadeiro escárnio

De outro, dirigente sugerindo que o bolsonarismo é o mesmo que o chavismo ou o governo de Daniel Ortega. A ciência política, há décadas, aponta a diferença entre fascismo e autoritarismos. Algo básico que um dirigente político deve saber distinguir.

A questão é: o que ocorre para vir à público lideranças petistas tão estranhas à história do PT? Merece investigação. No momento, gostaria de retomar Paulo Freire que sugeriu o papel da liderança comprometida com a mudança social e política na direção da igualdade

Paulo Freire afirma que "se em um dado momento, a aspiração básica do povo não ultrapassar a reivindicação salarial, a nosso ver, a liderança pode cometer dois erros."

"Restringir sua ação ao estímulo exclusivo desta reivindicação, ou sobrepor-se a esta aspiração, propondo algo que está mais além dela". Percebam que a crítica dessa "nova direita" se concentra no segundo erro apontado acima: lideranças que querem ditar a mudança

Porém, a "nova direita" comete outro erro, que Paulo Freire descreve assim: nesse caso, "a liderança incorre no que chamamos de adaptação ou docilidade à aspiração popular." E, apresenta a solução: a síntese.

A síntese, para Paulo Freire, se pauta pela incorporação, pela liderança, da aspiração popular. Porém, vai além e adota uma postura pedagógica, de problematização do significado da própria reivindicação.

A "nova direita" não problematiza o conservadorismo ou passividade popular. Justamente porque se pauta por uma nítida acomodação ao status quo. Não se postam como lideranças da mudança, mas, da manutenção ou ampliação do seu poder.

Assim, a mosca azul parece ter picado essa geração estranha de dirigentes petistas. Mas, ainda fica sem resposta os motivos que fazem tais dirigentes virem à tona para disputar a direção do PT.

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