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O "Homem com H" que andou "Procurando Tu", "Bate Coração" dele mais não

Morreu hoje Antônio Barros aos 95 anos


Reprodução O "Homem com H" que andou "Procurando Tu", "Bate Coração" dele mais não
Céceu perdeu seu companheiro Antônio Barros

O cantor e compositor paraibano Antônio Barros faleceu neste domingo (6), aos 95 anos. Autor de mais de 700 músicas, ele formou uma das parcerias mais emblemáticas da música nordestina ao lado da esposa e companheira de composições, Cecéu. Juntos, emplacaram sucessos que ganharam o Brasil nas vozes de grandes nomes como Elba Ramalho, Luiz Gonzaga, Gilberto Gil, Fagner, Ney Matogrosso, entre outros.

Entre os maiores clássicos do casal estão "Homem com H", "Bate Coração", "Procurando Tu", "Por Debaixo dos Panos", "Forró do Poeirão", "Forró do Xenhenhém" e "Óia Eu Aqui de Novo".

Antônio Barros enfrentava o Mal de Parkinson, doença degenerativa que compromete funções motoras e neurológicas. Um dos sintomas, a dificuldade de deglutição, levou a uma broncoaspiração que resultou em uma longa internação desde o início deste ano. O velório acontece a partir das 13h, no cemitério Parque das Acácias.

Nascido em 1930 na cidade de Queimadas, na Paraíba, Barros começou a compor na década de 1950. Foi após mudar-se para Campina Grande, nos anos 1970, que conheceu Mary Maciel Ribeiro, a Cecéu — união que se tornaria também uma sólida parceria musical. A dupla iniciou a vida profissional no Rio de Janeiro, onde gravaram discos e viram suas composições serem gravadas por artistas consagrados.

“Em 1930 eu não conhecia nada, não sabia que o mundo era redondo. Fui para Campina Grande, ficamos lá até minha vivência de adulto, fui para Recife, e a partir daí começou minha vida profissional”, relembrou o artista em entrevista concedida ao g1, em 2020, por ocasião de seu aniversário de 90 anos.

Barros estudou no Grupo Escolar José Tavares, a primeira escola pública de Queimadas, fundada em 1937. Foi ainda na infância que teve seu primeiro contato com a música, aprendendo violão e pandeiro com o pai de um primo. Já na capital fluminense, buscou apoio de Jackson do Pandeiro, outro ícone da música nordestina.

Em 1971, ao retornar a Campina Grande, conheceu Cecéu. “Estava escrito nas estrelas”, declarou ela em entrevista, ao lembrar que já cantava músicas de Antônio Barros quando criança. Após meses de amizade e troca de ideias, ele a convidou para formarem uma dupla, o que marcou o início de uma das parcerias mais fecundas da música brasileira.

Apesar de terem gravado um disco de música romântica como Tony e Mary, foi no forró que conquistaram o público. Músicas da dupla foram interpretadas por nomes como Marinês, Trio Nordestino, Os Três do Nordeste, Jorge de Altinho, Alcione e muitos outros.

O legado da dupla foi reconhecido oficialmente em 2021, quando uma lei estadual declarou a obra de Antônio Barros e Cecéu patrimônio cultural imaterial da Paraíba. A autoria é da então deputada estadual Estela Bezerra, que destacou: “Eles são a própria essência do povo nordestino. Suas composições atravessam gerações como a melhor expressão da nossa gente, da nossa terra e do nosso espírito paraibano e nordestino”.

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