“Ninguém segura mais o Nordeste”, diz Wellington Dias
Em entrevista a Ricardo Coutinho Wellington aponta as superações e os desafios da região

Os nove estados que integram a região Nordeste tem tido um protagonismo reconhecido até internacionalmente. Quando se diz que crise é oportunidade de crescimento, podemos dizer que é exatamente isso que está acontecendo na região. A pandemia que trouxe seus desafios, com a preponderante ausência de apoio do poder central, permitiu à região dar um salto institucional gigante e tem sido um exemplo de gestão integrada.
Em entrevista ao ex-governador Ricardo Coutinho, no programa Pense Brasil (parceria entre o instituto iParahyba e a TV GGN), o governador Wellington Dias (PT-PI), que preside o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste), falou dessa proposta de criar um Nordeste comum para o mundo.
A ideia do Consórcio Nordeste é um resgate da proposta do economista brasileiro Celso Furtado, de ter uma superintendência (foi criada a Sudene, Sudam e outros). “Hoje o consórcio Nordeste tem mais peso que a Sudene, pois é feito pelos governadores. Somos 53 milhões de pessoas, temos um PIB de mais de 1 trilhão, o que mais cresce no Brasil“, observa o governador, afirmando que o país precisa até 2030 de 50 Gb de energia e 40 Gb será através do Nordeste, com energia limpa.
O crescimento da produção de alimentos, gás e petróleo, desenvolvimento do comércio exterior são temas que estão na pauta do Consórcio Nordeste. Uma pauta formada inicialmente por 18 câmaras temáticas, que visa elaborar macroprojetos, alinhandos num plano de longo prazo até 2030. “Vamos reduzir analfabetismo, investir na educação de profissionais, trabalhar o Nordeste conectado (uma rede fibra ótica para chegar a todos os municípios da região, no modelo de PPP). Algo que possa despertar sonhos e, na medida que formos concretizando, as pessoas vão acreditando”, afirma Dias.
Ele cita como exemplos de ações já organizadas a Previ Nordeste, previdência dos servidores do Nordeste, que já é uma realidade; o sistema de compras integrado Nordeste, também já pronto; e a central de Inteligência Nordeste, em Fortaleza.
O diferencial dessa política é o que ele chama de integração de verdade. E deu muito certo no enfrentamento ao coronavírus. “O Maranhão entrou em crise na pandemia e atendemos os pacientes. Pernambuco acabou de nos ceder kits intubação. Atuamos sempre acreditando na ciência, apostando no SUS. Criamos também o Monitora Covid, que permitiu que médicos com comorbidades atendessem através da tecnologia”, comenta.
Eixos de desenvolvimento
O Consórcio Nordeste definiu cinco principais eixos de desenvolvimento: primeiro o social (integração, organizando o sistema de saúde Nordeste); segurança (câmara técnica, ideia é criar um cinturão de proteção nas fronteiras Nordeste e uma força integrada a exemplo da força nacional, para não entrar armas nem drogas na região); agricultura familiar (50% dos agricultores familiares do Brasil são do Nordesre. Trabalhar para melhorar renda, investir na produção de alimentação saudável a partir da agricultura familiar, com investimentos na educação como base sólida e empreendedorismo); infraestrutura (aeroportos – Salvador, Recife e Fortaleza como três grandes portas – integradas, focando na aviação Nordeste; integração ferroviária; comunicação e energia); turismo (Nordeste litorâneo, serras nordeste, calendário cultural, compromisso com o Acordo de Paris. “Com essa integração temos uma segurança muito grande. Ninguém segura mais o Nordeste”, enfatiza Wellington Dias.
Para ele, o Nordeste já é outro, mas possui desafios a serem superados pós-pandemia e já delineia um planejamento de forma organizada, com o olhar para a oferta de financiamento a empreendedores e a criação de um Fundo Nordeste. “Creio que é possível chegar em agosto com 70% das pessoas cima de 18 anos já vacinadas. É isso que vai frear essa tragédia que estamos vivendo e o Nordeste quer estar preparado para este momento”, afirma.
A região já começa a se organizar em maio, para em junho “entrar em campo”, de forma gradativa, gerando emprego e renda e apoiando empreendedores. “ Aqui não temos dúvida que, seguindo a ciência, é o Poder Público que vai ter que sair na frente criando um ambiente de confiança. O Nordeste esta muito disposto, muito tranquilo sobre isso”, finaliza o presidente do Consórcio Nordeste.
Veja aqui a entrevista de Wellington Dias:
Consórcio Nordeste: os novos caminhos para o Brasil
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