Política

Motta, Alcolumbre e Ciro Nogueira organizam Congresso para dar início ao "sangramento" de Lula em prol de Tarcísio

Motta divulgou pauta que enterra aumento do IOF para equilibrar contas públicas e Alcolumbre pautou projeto para aumentar número de deputados


Reprodução Motta, Alcolumbre e Ciro Nogueira organizam Congresso para dar início ao "sangramento" de Lula em prol de Tarcísio
O projeto deles: ver Lula sangrar até as eleições 2026

Fórum - Os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), deram início ao projeto do Centrão, aliado à chamada Terceira Via - que une ainda Faria Lima e mídia liberal -, para iniciar o "sangramento" de Lula para favorecer Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) na disputa presidencial em 2026.

A antecipação da disputa presidencial com pautas-bomba no Congresso é articulado pelo ex-ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro (PL), o senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, e por Antônio Rueda, que comanda o União Brasil.

As duas siglas se uniram em abril em uma federação em abril, que hoje conta com a maior bancada na Câmara, com 104 deputados, além de 14 senadores.

Nogueira e Rueda iniciaram um levante para cooptar quadros do centrão e a direita para antecipar as eleições e implodir a base do governo, que conta com partidos de centro, a partir do segundo semestre de 2026, antecipando em mais de um ano a disputa eleitoral.

Nesta terça-feira (24), os dois se reuniram com os presidentes do Republicanos, Marcos Pereira, e do MDB, Baleia Rossi, para articular a adesão das duas siglas, que têm cargos no governo Lula - o PP também comanda uma pasta, de Esportes, com André Fufuca (PP-MA).

“Em primeiro lugar, queremos alinhar os palanques estaduais para as eleições do próximo ano; em segundo, ter uma atuação conjunta no Congresso. Isso é importante para fazer uma frente desses quatro partidos", disse Nogueira à jornalista Vera Rosa, do Estadão, confirmando a articulação com o Congresso.

“O governador Tarcísio só vai ser candidato à sucessão de Lula se tiver o apoio do presidente Bolsonaro lá na frente. Agora, eu defendo que os nossos partidos escolham o mesmo nome para podermos estar juntos na campanha”, emendou Nogueira, ciente que Bolsonaro já desistiu da disputa em razão da inelegibilidade e iminente prisão.

Bolsonaro já tem procurado postulantes da direita como o próprio Tarcísio e Ronaldo Caiado (União-GO) para trocar o apoio da bancada e de sua base de votos pelo indulto a quem vença Lula e chegue ao Planalto. O ex-presidente também tem interesse em montar uma base forte no Senado para levar adiante o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) considerados inimigos pelo clã, como Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Gilmar Mendes.

Pautas-bomba

Após a reunião, já no fim da noite, às 23h35, Hugo Motta foi às redes anunciar a pauta-bomba da sessão da Câmara nesta quarta-feira (25), que dá início ao "sangramento" de Lula.

Motta surpreendeu até deputados oposicionistas ao pautar, entre outros, o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que enterra definitivamente a proposta do governo de elevar o Imposto de Operações Financeiras, o IOF, para fazer o ajuste das contas públicas - como ele próprio e a terceira-via cobram na frente das câmeras.

A pauta ainda inclui o PL 2692/25, que isenta do Imposto de Renda quem ganha até dois salários mínimos - na prática adiando a proposta do governo de isentar àqueles que ganham até R$ 5 mil, que está sendo relatada por Arthur Lira (PP-AL) em Comissão Especial.

Além disso, Motta sinaliza à indústria do petróleo com a "MP 1291 que autoriza uso de até R$ 15 bi/ano do Fundo Social para habitação popular e permite ao governo leiloar óleo e gás excedente, com potencial de arrecadar até R$ 20 bi" e a Faria Lima, com a "MP 1292 que permite a contratação de crédito consignado por trabalhadores do setor privado".

O início da pressão sobre o governo Lula foi comemorado pelo Líder do PP na Câmara, sinalizando o conchavo do Centrão. "O Presidente da Câmara dos Deputados Hugo Motta tem a prerrogativa de estabelecer a pauta da Câmara e o Plenário soberano e democrático de votar as matérias conforme o sentimento da população Brasileira. Vamos ao voto", publicou no X já na madrugada desta quarta-feira, às 1h05.

Líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ) mostrou surpresa com a pauta exposta por Motta, que já havia acordado em pautar propostas que tivessem 100% de adesão do colégio de líderes.

"Como deputado e líder do PT, fui surpreendido com a divulgação da pauta de votações de amanhã. Entre os temas a serem apreciados, está o PDL que anula o Decreto do IOF. Em sessão virtual? Esse é um assunto sério demais para o país", escreveu Lindbergh pouco depois da meia noite.

Aumento de gastos no Senado

Enquanto Motta ataca o governo tentando impedir o aumento da receita, no Senado, Davi Alcolumbre pautou um projeto que justamente aumento os gastos da máquina pública, já aprovado na Câmara.

O presidente do Senado colocou na pauta o Projeto de Lei Complementar (PLP) 177/2023, de autoria de Dani Cunha (União-RJ), filha de Eduardo Cunha (Republicanos), que aumenta de 513 para 531 o número de cadeiras na Câmara dos Deputados. 

Aprovado em 6 de maio na Câmara, o PLP deve causar um impacto orçamentário de R$ 64,8 milhões ao ano, segundo informações da Diretoria-Geral da Câmara, a ser absorvido pelas previsões orçamentárias de 2027. Juntamente com o aumento do número de deputados, haverá o aumento das emendas requeridas pelo legislativo, tirando ainda mais controle do Executivo sobre o orçamento.

Em outra frente, Alcolumbre faz chantagem com o governo Lula em busca de nomear pessoas de sua confiança para cargos comissionados na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e na Agência Nacional do Petróleo (ANP) em disputa direta com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, do PSD, de Gilberto Kassab.

Enquanto Silveira busca colocar pessoas ligadas a ele nas duas agências, Alcolumbre trava duas indicações de Lula para cortes superiores como munição para a briga com o kassabista.

Em 8 de março, no Dia Internacional da Mulher, Lula indiciou a advogada Veronica Sterman para o Superior Tribunal Militar (STM). Em maio, o presidente indicou o desembargador Carlos Brandão para o Superior Tribunal de Justiça (STJ).

No entanto, as nomeações precisam do aval do Senado e se encontram na gaveta de Alcolumbre como álibi para chantagens por cargos.

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