Morre o contista Dalton Trevisan, aos 99 anos
Dalton Trevisan: O Vampiro de Curitiba que Desvendou a Alma Brasileira
Morreu aos 99 aos o escritor paranaense Dalton Trevisan. Um dos maiores contistas brasileiro, terá um velório aberto como pediu, mas ainda não há previsão sobre o horário de início, nem local.
A causa da morte não foi revelada. “Todo vampiro é imortal. Ou, ao menos, seu legado é”, escreveu a família do autor. “Tentamos dar o máximo de privacidade como era seu desejo”, afirmou a agente literária, Fabiana Faversani.
A casa de Trevisan, certa vez, foi pichada. Providenciada a camuflagem do vandalismo, não houve a pretensão de melhorar o aspecto com mais uma demão de tinta. Os rabiscos acrescentaram um acento punk ao tom cinza de decadência que o lugar ostentou por décadas.
Trevisan cultivou uma aversão especial à imprensa, e sua última entrevista data de 1972. Paradoxalmente, viveu sua fase adulta em endereço certo e sabido, em Curitiba, no cruzamento de duas movimentadas avenidas.
Dalton Trevisan: O Vampiro de Curitiba que Desvendou a Alma Brasileira
Dalton Trevisan, o mestre do conto brasileiro, faleceu em 9 de dezembro de 2024, deixando um legado incontestável na literatura nacional. Nascido em Curitiba em 1925, o escritor paranaense construiu uma obra que, com crueza e precisão, retratou a alma brasileira, desvendando as complexidades da vida urbana e as angústias cotidianas.
Conhecido como o "vampiro de Curitiba", Trevisan explorou com maestria os subterrâneos da alma humana, revelando as faces mais sombrias e as contradições da sociedade. Seus contos, curtos e intensos, são como radiografias da alma, onde a solidão, a violência, o desejo e a morte se entrelaçam, criando um universo literário denso e perturbador.
Um olhar implacável sobre a realidade
A obra de Trevisan é marcada por um olhar implacável sobre a realidade. O autor não poupava críticas à sociedade, denunciando as desigualdades sociais, a hipocrisia e a violência. Seus personagens, muitas vezes marginalizados e excluídos, habitam um mundo cinzento e opressivo, onde a esperança parece ser uma utopia distante.
Em contos como "O Vampiro de Curitiba", "A Polaquinha" e "Cemitério de Elefantes", Trevisan explora temas como a sexualidade, a morte, a loucura e a solidão. Sua escrita, concisa e direta, é capaz de provocar um profundo impacto no leitor, que se vê confrontado com as próprias angústias e medos.
Um legado duradouro
A obra de Dalton Trevisan transcende as fronteiras do Brasil e é considerada um dos mais importantes exemplos da literatura latino-americana. Seus livros foram traduzidos para diversos idiomas e o autor recebeu inúmeros prêmios, entre eles o Prêmio Jabuti e o Prêmio Camões, o mais importante da língua portuguesa.
A morte de Trevisan representa uma grande perda para a cultura brasileira. Sua obra, no entanto, continuará a inspirar e a emocionar leitores por gerações. O legado do "vampiro de Curitiba" é a prova de que a literatura tem o poder de transformar vidas e de nos fazer refletir sobre a condição humana.
Um mestre da palavra
Dalton Trevisan foi um mestre da palavra, capaz de transformar a realidade em arte. Sua obra, atemporal e universal, nos convida a uma profunda reflexão sobre a vida, a morte e a condição humana. A ausência de Trevisan será sentida por todos aqueles que amam a literatura e que buscam um olhar mais profundo sobre o mundo.
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