Moraes sai fortalecido após depoimentos de Bolsonaro
Condução das audiências pelo ministro desmonta imagem de ‘perseguidor’ e ‘ditador’ atribuída a ele por bolsonaristas

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), emergiu politicamente fortalecido após os interrogatórios do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros réus na ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado. A análise é do jornalista Paulo Cappelli, do portal Metrópoles.
Durante as audiências, Moraes adotou uma postura firme, mas respeitosa: ouviu atentamente os depoimentos, sem interromper os acusados, e utilizou comentários irônicos que chamaram atenção, inclusive da imprensa internacional. Um dos momentos de maior repercussão ocorreu quando Bolsonaro, em tom provocativo, convidou o ministro a ser seu vice na eleição presidencial de 2026 — gesto amplamente disseminado nas redes sociais e veículos de imprensa estrangeiros, mas que acabou gerando efeitos colaterais indesejados para a defesa do ex-presidente.
As imagens dos interrogatórios, amplamente compartilhadas, contribuíram para suavizar a imagem de "perseguidor" e "ditador" que parte da oposição atribui ao ministro. Entre os críticos mais recorrentes de Moraes está o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente. No entanto, após a repercussão dos vídeos, a sustentação dessa narrativa se tornou mais difícil até mesmo dentro do núcleo bolsonarista.
Apesar de aliados de Bolsonaro considerarem seu depoimento "fantástico", a avaliação interna entre apoiadores do ex-presidente é de que isso não será suficiente para reverter uma possível decisão desfavorável do relator. Há o entendimento de que Moraes já dispõe de elementos suficientes para uma eventual condenação do ex-mandatário à prisão.
Com uma condução serena e equilibrada, Moraes não apenas manteve o controle da audiência, como conseguiu deslocar o foco das críticas e reforçar a legitimidade de sua atuação institucional. Em vez de alimentar tensões, sua postura acabou reforçando a autoridade do STF em um dos julgamentos mais relevantes da história recente da democracia brasileira.
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