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Modelo é modelo, GP é GP

Segundo modelos e profissionais da moda, o uso indevido da palavra pode gerar confusão e prejudicar a imagem da indústria


Reprodução Modelo é modelo, GP é GP
Modelo é modelo, GP é GP

Por Pedro Ângelo CantanhêdeIlca Maria Estevão, no Metrópoles

Profissionais da moda manifestaram seu repúdio ao uso inadequado do termo “modelo” pela mídia. A indignação ganhou força após o recente caso que envolve o jogador Neymar Jr, que teria traído sua namorada, Bruna Biancardi, com uma garota de programa. Ao comentar o episódio, imprensa e público se referem à amante como modelo, apesar de a mesma ser uma trabalhadora do sexo e não atuar no mercado da moda.

Vem entender!

O uso da palavra “modelo” como espécie de eufemismo para profissional do sexo ou garota de programa tem causado indignação por parte da indústria da moda, que enfatiza que modelos profissionais possuem registro (DRT) e trabalham em diversas produções como editoriais e desfiles. Portanto, chamar outros tipos de trabalho pelo mesmo nome “faz um desserviço para as profissionais, cria estigmas”, como afirma Anderson Baumgartner, diretor da agência Way Model.

O profissional diz que esse tipo de termo causa uma confusão entre quem não é da área, que acaba tendo uma visão negativa do trabalho de modelo. Ele relembra que, desde o começo da carreira, preconceitos e julgamentos atingem as profissionais, trabalhadoras de uma importante indústria para a economia brasileira:Play Video

Quando comecei a trabalhar com top models em São Paulo, mães e meninas tinham receio do mercado da moda. Existe todo um trabalho da indústria de profissionalização e quebra de estigmas. Modelos profissionais são meninas que saem de casa cedo e vão morar em países que elas não dominam nem o idioma, recebem ‘nãos’ durante muito tempo até começar a receber os primeiros ‘sim'”, declara.

Modelos se posicionam

Um texto que tem sido compartilhado por modelos e outros profissionais nas redes sociais também contesta a nomenclatura, afirmando que se a pessoa não passa por um processo que inclui fazer castings, lutar para ser reconhecida no mercado, ficar horas em fila de prova de roupa e fazer desfiles e editoriais de moda, “ela não é modelo”.

“Ninguém chama um médico de piloto, e ninguém chama uma professora de astronauta! Já passou a hora de colocar o nome correto de acordo com a profissão real das pessoas”, conclui o texto viral.

Com o constante uso da palavra “modelo” para designar trabalhadoras sexuais, representantes do setor da moda defendem o uso correto das denominações, para evitar estigmas e reconhecer a distinção entre as profissões. Eles ressaltam que cada profissão deve ser chamada pelo seu nome apropriado e sem generalizações equivocadas, que podem causar consequências negativas para toda uma indústria.

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