Política

'Luta de classes' melhora aprovação de Lula

Ministros de Lula exibem, nos bastidores, pesquisas internas de bancos apontando suposta melhora da avaliação do governo após crise do IOF


Reprodução 'Luta de classes' melhora aprovação de Lula
Lula

A resposta do governo Lula (PT) à derrubada do decreto que aumentava o IOF — revogada pelo Congresso Nacional — extrapolou a crise política imediata. Com forte apelo social, a narrativa adotada pelo Planalto, de defesa dos mais pobres frente aos interesses do mercado financeiro, teria rendido dividendos positivos para a imagem do governo. Segundo o colunista Igor Gadelha, do Metrópoles, ministros celebram nos bastidores uma melhora na avaliação do governo, apontada por pesquisas internas encomendadas por bancos.

Apesar de auxiliares de Lula evitarem críticas públicas ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), nos bastidores a avaliação é de que a oposição acabou fornecendo combustível para um discurso eficaz. “Uma semana de campanha ‘ricos contra pobres’ funcionou. A oposição deu um presente para o governo”, disse, sob anonimato, um ministro com influência na estratégia do Palácio do Planalto.

As chamadas tracking polls — levantamentos diários encomendados por partidos e instituições financeiras — não são registradas no TSE nem divulgadas oficialmente, mas circulam entre aliados do governo. Dados recentes indicam melhora na aprovação de Lula, especialmente entre eleitores de baixa renda e nas regiões Norte e Nordeste, justamente após a queda do decreto do IOF.

Disputa de narrativas mira 2026

Mais do que um alívio momentâneo em meio ao debate sobre ajuste fiscal, a reação popular ao episódio reacende discussões sobre a estratégia de comunicação do governo rumo às eleições de 2026. O contraste simbólico entre “ricos e pobres” pode voltar ao centro da narrativa lulista, assim como ocorreu em 2002, quando a crítica à desigualdade social foi peça-chave da campanha vitoriosa.

A crise envolvendo o IOF, embora tenha representado uma derrota formal no Congresso, serviu de gatilho para reativar esse discurso. A defesa do imposto como ferramenta para financiar políticas públicas permitiu ao governo reposicionar sua imagem frente à opinião pública — ainda que os resultados não sejam oficialmente mensurados por institutos.

Derrota no Congresso, ganho no discurso

A revogação do aumento do IOF foi interpretada pelo Planalto como mais do que um tropeço legislativo. Parlamentares da oposição, ao barrar o decreto, acabaram reforçando involuntariamente uma narrativa com alto poder de mobilização: a ideia de que o governo luta pelos mais pobres, enquanto seus adversários defendem interesses do topo da pirâmide.

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