Lula não queria o confronto de Dino; quer a conciliação, discrição de Lewandowski
"Lula precisava tirar Flávio Dino do governo, sem demiti-lo", analisa Alex Solnik

Por Alex Solnik, jornalista, no 247
A frase pode parecer dura demais, mas a realidade é que Lula precisava tirar Flávio Dino do governo, sem demiti-lo.
Ele começou bem, foi firme e competente no 8/1/, mas se tornou, no decorrer do tempo, no ministro que mais atrapalha do que ajuda.
Transformou a sua gestão num eterno confronto com deputados e senadores do centrão.
Raramente houve um dia sem uma treta qualquer entre eles.
Raramente houve um dia em que o ministro não deu uma resposta mordaz, irônica, que recebia tréplica de seus alvos.
E era convocado diariamente para dar explicações.
A imprensa adorava suas tiradas sagazes, suas frases ferinas davam belos títulos; o Planalto, nem tanto.
Quando um ministro se torna alvo de ataques políticos constantes, ainda mais o titular de uma pasta tão importante quanto a da Justiça e Segurança Pública, isso atinge todo o governo. Atinge Lula. E emperra as negociações.
Em meio a conversas delicadas e complicadas para garantir votos para seus projetos, farpas do ministro com seus oponentes não trazem nada de bom ao Planalto. Dificultam tudo. “Com esse ministro, não dá”. A negociação sai mais caro.
Flávio Dino virou um ministro belicoso demais. Na contramão da pacificação pregada pelo governo.
Mas esse não foi o único problema. Flávio Dino também tornou-se midiático demais, muitas entrevistas, overdose de postagens, o que aumentou o seu cacife para suceder Lula.
Ao colocá-lo no Supremo, Lula o tirou da linha da sua sucessão. Deixou o caminho livre para Haddad.
Derrubou Flávio Dino para cima.
Por tudo isso, é evidente que tudo o que Lula não queria era um Flávio Dino 2, ou Ricardo Capelli. O estilo “vamos pra cima deles” está em baixa no Planalto. Ocupar espaço demais na mídia, também.
Além de sua competência e vivência na área jurídica, Lewandowski foi o escolhido por seu perfil conciliador e low profile, mais afeito a conversas entre quatro paredes do que a postagens e confrontos nas redes sociais. Sobretudo com o centrão.
E, é óbvio, sem pretensão alguma de suceder Lula.
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