Meio Ambiente

Ibama nega pedido da Petrobras para explorar petróleo na foz do Amazonas

A decisão seguiu a recomendação do parecer dos analistas da Diretoria de Licenciamento Ambiental do Ibama, entregue em março deste ano


Foto: Agência BrasilA inédita perfuração marítima iria ocorrer em territórios dos estados do Pará e do Amapá
A inédita perfuração marítima iria ocorrer em territórios dos estados do Pará e do Amapá

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) negou, nesta quarta-feira (17/5), a autorização para que a Petrobras iniciasse a primeira exploração de Perfuração Marítima na bacia da Foz do Amazonas, conhecida como Margem Equatorial brasileira. O parecer do órgão, assinado pelo presidente Rodrigo Agostinho, alegou um “conjunto de inconsistências técnicas”.

A decisão seguiu a recomendação do parecer dos analistas da Diretoria de Licenciamento Ambiental do Ibama, entregue em março deste ano. Os técnicos sinalizaram que a Petrobras deveria “retomar ações” para realizar a Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS), que é uma análise estratégica mostrar áreas adequadas para a atividade petrolífera. De acordo com o documento, havia bacias sedimentares que não constavam perfurações anteriores para explorar petróleo e nem estudos sobre os riscos e impactos nas áreas.

A inédita perfuração marítima iria ocorrer em territórios dos estados do Pará e do Amapá. Por um lado, os municípios de Marajó - sobretudo Soure, Chaves, Salvaterra e Afuá -, seriam beneficiados com os royalties do petróleo, o que turbinaria o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), hoje escasso para esses locais. No entanto, a atividade causaria grandes impactos em comunidades quilombolas e ribeirinhas no Pará.

O Ministério Público dos dois estados acionou o órgão de fiscalização ambiental, a partir de uma recomendação conjunta, alertando que os povos indígenas Karipuna, Palikur-Arukwayene, Galibi Marworno e Galibi Kali’na, localizados no município de Oiapoque (AP), na Terra Indígena (TI) Uaçá, Galibi e Juminã, seriam afetados. Além disso, houve descumprimento do licenciamento ambiental no estado do Pará, que poderiam atingir a parte costeira da Guiana Francesa.

O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, informou no documento que “foram oferecidas todas as oportunidades à Petrobras para sanar pontos críticos de seu projeto, mas que este ainda apresenta inconsistências preocupantes para a operação segura em nova fronteira exploratória de alta vulnerabilidade socioambiental”.

A margem equatorial é extremamente sensível do ponto de vista do aspecto socioambiental, porque tem Unidades de Conservação (UCs), TIs, mangues, formações biogênicas de organismos e animais em ameaça de extinção, como boto-cinza, boto-vermelho, cachalote, baleia-fin, peixe-boi-marinho, peixe-boi-amazônico e tracajá.

No parecer, o presidente ressaltou essa característica do local, por isso a falta de Avaliação Ambiental de Área Sedimentar “dificulta expressivamente” o posicionamento sobre a viabilidade ambiental para a atividade. Essa é a segunda vez que uma tentativa de exploração da área é negada pelo Ibama, a primeira foi em 2018.

Saiba mais em:

 'Novo pré-sal': sem estudo amplo, Petrobras põe em risco foz do Amazonas

Marina tenta barrar exploração de petróleo na foz do Amazonas

Com informações do Correio Braziliense

Siga nas redes sociais

Deixe sua opinião: