Fux concorda com Moraes em 500 processos e reage publicamente contra 1 processo
A postura de Fux sobre as penas dos condenados pelos atos de 8 de janeiro gerou críticas no STF

A nova postura do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre as penas impostas aos condenados pelos atos terroristas de 8 de janeiro gerou desconforto entre seus colegas de corte. Fux questionou as punições, considerando-as excessivas, em um julgamento de grande repercussão, que envolvia Jair Bolsonaro (PL) e a tentativa de golpe de Estado.
Embora outros ministros do STF também tenham expressado preocupação em relação às sentenças aplicadas a alguns dos envolvidos nos ataques, o modo como Fux manifestou sua discordância em relação ao colega Alexandre de Moraes, relator dos casos, em um julgamento com forte apelo popular e sob pressão de bolsonaristas por anistia, causou críticas entre os membros da corte, conforme relatado pela colunista Bela Megale, do Globo.
Três ministros ressaltaram que, nos mais de 500 processos relacionados aos ataques de 8 de janeiro, Fux seguiu, em quase todas as condenações, a posição de Moraes. Eles também lembraram que Fux é conhecido por sua postura rigorosa em questões penais.
“Ficou a dúvida entre nós sobre por que o ministro Fux só manifestou essa reação tão enfática após julgar cerca de 500 processos”, afirmou um dos ministros, que preferiu não se identificar.
Uma das falas de Fux que mais causaram desconforto foi quando ele afirmou que o STF havia julgado os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro "sob violenta emoção".
“Julgamos sob violenta emoção após a verificação da tragédia de 8 de janeiro. Fui ao meu ex-gabinete, onde a ministra Rosa (Weber) era minha vice-presidente. Vi mesas queimadas, papéis queimados. Mas acho que os juízes, em sua vida, sempre devem refletir sobre os erros e acertos”, disse Fux durante o julgamento de Bolsonaro na semana passada.
Essa fala ocorreu após Fux comunicar a Moraes, durante a sessão, que reconsideraria a pena de 14 anos proposta para a cabeleireira bolsonarista Débora Rodrigues, que pichou a frase "perdeu, mané" na estátua "A Justiça" durante os ataques de 8 de janeiro. Esse caso tem sido explorado politicamente por Bolsonaro e seus aliados na defesa de uma possível anistia.
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