Explorar ou não explorar petróleo na Margem Equatorial. Lula vai ter que decidir!
O Brasil pode voltar a importar petróleo
Nesta quarta-feira, o presidente Lula se reuniu com a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, no Palácio do Planalto para discutir a exploração de petróleo na Margem Equatorial, uma região estratégica para a segurança energética do Brasil. O encontro ocorre em um momento de tensão, pois o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) recentemente manteve o veto à exploração dessa área, que a Petrobras vê como essencial para manter a autossuficiência de petróleo do país.
A Petrobras alerta que sem o desenvolvimento da Margem Equatorial, que se estende do Rio Grande do Norte ao Amapá, o Brasil pode voltar a depender de importações de petróleo a partir de 2034. Sylvia Anjos, diretora de Exploração e Produção da Petrobras, reforçou a urgência da questão em evento recente na UFRJ, lembrando que a produção do pré-sal, responsável por 81% do petróleo nacional, deve entrar em declínio em breve, tornando imprescindível o investimento em novas reservas.
O Ibama, por sua vez, aponta riscos ambientais e impactos em comunidades indígenas para justificar o veto, mesmo após a Petrobras implementar medidas de mitigação, como a construção de um centro de resgate de fauna em Oiapoque. O órgão ambiental também expressou preocupação com a capacidade de operação no aeroporto local, que daria suporte às atividades exploratórias. Ainda, o parecer técnico do Ibama afirma que a exploração poderia colocar em risco a biodiversidade sensível da região.
Uma questão polêmica que Magda Chambriard e Sylvia Anjos tentam esclarecer é a presença de corais na área. Ambas as executivas contestaram as alegações ambientais, chamando de "fake news científica" as afirmações de que haveria corais na Margem Equatorial. Segundo a Petrobras, estudos mostraram que, por conta da presença de argila, corais não sobreviveriam nas condições da região.
Na reunião, a Petrobras solicitou a suspensão do prazo de concessão junto à Agência Nacional do Petróleo (ANP), buscando evitar perda de tempo de licença sem uma autorização para operar. A estatal teme que a permanência do veto comprometa a competitividade e a segurança energética do país, enquanto, na Guiana, a ExxonMobil expande suas operações na Margem Equatorial guianense, destacando a região como uma nova potência energética.
Transição energética
Sylvia Anjos entende que não há contradição entre a orientação da política ambiental do país de reduzir a emissão de gases do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global, e o interesse na exploração do petróleo. Ela explicou que a Petrobras usa tecnologias que fazem com que o petróleo da companhia seja produzido com menos emissão de dióxido de carbono (CO₂).
Além disso, observou que o petróleo continuará sendo demandado no mundo pelas próximas décadas, tanto como fonte de energia como matéria-prima para a indústria petroquímica, que produz os mais diversos itens, além de plástico.
“Qual petróleo que estará presente? Aquele que é menos emissor. Nesse sentido, a emissão do pré-sal chega a ser de sete a nove quilos de CO2 por barril. A média no mundo é 17 kg, e alguns campos imensos, mais de 20 kg”, especificou, afirmando que a produção da Petrobras alcançará o chamado net zero (saldo negativo de emissão de carbono) antes de 2050.
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