Outros Temas

Ex-deputada é retirada de voo da Gol por uso de almofada

Célia Leão, cadeirante há cinco décadas, acusa a companhia aérea Gol de desrespeito e falta de sensibilidade


Reprodução Ex-deputada é retirada de voo da Gol por uso de almofada
Ex-deputada é retirada de voo da Gol por uso de almofada

A ex-deputada estadual Célia Leão, atualmente secretária de Desenvolvimento Social e Habitação de Valinhos (SP), enfrentou uma situação que classificou como “inusitada” em seus 40 anos de viagens nacionais e internacionais: foi impedida de embarcar em um voo da Gol Linhas Aéreas por estar utilizando uma almofada ortopédica. O caso ocorreu na última quinta-feira (1º), no Aeroporto Internacional de Guarulhos, e foi inicialmente noticiado pela CNN Brasil.

Célia, cadeirante desde os 16 anos, usa a almofada para aliviar a pressão ao se sentar, pois não possui musculatura nas nádegas. Apesar disso, a tripulação considerou o item como “não autorizado para uso a bordo”, alegando risco à segurança da passageira. Ao tentar explicar sua condição, ela relatou ter encontrado resistência e falta de empatia por parte da equipe. “Essa almofada é o meu bumbum. Eu não posso sentar num lugar duro”, afirmou.

O voo G3 7665 tinha como destino Buenos Aires, na Argentina. Segundo a secretária, a comissária de bordo reagiu de maneira desproporcional ao ver a almofada, mesmo após suas explicações. “Fez quase que um escândalo”, disse, acrescentando que a falta de diálogo com o comandante agravou a situação. “Ele se negou a falar comigo pessoalmente. O comandante tem a obrigação de atender um passageiro”, criticou.

Ela destacou que havia feito o mesmo trajeto dias antes, pela mesma companhia e com a mesma almofada, sem qualquer problema ou exigência de documento médico. Para Célia, o episódio foi um exemplo de desinformação e desrespeito: “Foi tudo errado, tudo errado”.

O incidente causou o desembarque de todos os passageiros e um atraso de 40 minutos. Célia relatou ter se sentido humilhada ao ser retirada do avião, precisar trocar de cadeira e ver sua bagagem ser removida. Sua filha, que a acompanhava na viagem a trabalho, pôde seguir no voo, mas sua mala também foi retirada e, segundo Célia, a Gol se recusou a devolvê-la de imediato.

Em nota, a Gol informou que o embarque foi negado pela falta de um formulário médico (MEDIF), exigido em casos específicos. Após a apresentação do documento e liberação da equipe médica da companhia, Célia foi autorizada a embarcar no dia seguinte. No entanto, ela considerou a resposta da empresa insatisfatória: “A Gol nem sequer pediu desculpas. A nota foi maliciosa e não foram dignos de assumir o erro”.

Célia ressaltou a importância de tornar o episódio público como forma de denunciar a violação de direitos de pessoas com deficiência: “Quando um direito não é respeitado para uma pessoa, ele também não é respeitado para toda a sociedade”.

No sábado (3), ela entrou com um pedido de tutela de urgência no Tribunal de Justiça de São Paulo, solicitando um novo voo sem custos, com garantia de acessibilidade, hospedagem e alimentação. O pedido foi negado pelo juiz plantonista, que entendeu que o caso não se enquadrava nas situações de urgência para análise durante o plantão judicial.

O episódio reacende o debate sobre a necessidade de maior preparo, empatia e capacitação das equipes aéreas para atender adequadamente pessoas com deficiência, além de evidenciar falhas nos protocolos e na comunicação das companhias diante de situações que exigem sensibilidade e respeito.

Siga nas redes sociais

Deixe sua opinião: