Política

Ex-assessor diz ter transportado dinheiro vivo para Ciro Nogueira

Ex-servidor foi incluído em programa de proteção de testemunha; ele afirma que teve sua vida ameaçada por Nogueira e pelo deputado Eduardo Da Fonte

  • terça-feira, 10 de agosto de 2021

Foto: UOLFoto ilustrativa
Foto ilustrativa

Fórum - Um ex-assessor parlamentar que relatou ter transportado dinheiro vivo para o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI) e outras pessoas, foi incluído em um programa de proteção de testemunhas do governo federal.

A Procuradoria-Geral da República acusa Nogueira, o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE) e o ex-deputado por Roraima Márcio Junqueira de comprar o silêncio do ex-secretário parlamentar José Expedito Rodrigues Almeida, de acordo com reportagem de Felipe Bächtold na Folha.

Após pedido de vista feito pelo ministro Gilmar Mendes, o caso voltará à pauta de julgamentos do STF (Supremo Tribunal Federal) nesta semana. Os magistrados da Segunda Turma da corte vão decidir, em julgamento virtual, se será aberta ação penal sobre o assunto.

Junqueira chegou a ficar seis meses preso em 2018 após ser gravado dando dinheiro e tentando convencer Almeida a retirar e desmentir depoimentos feitos anteriormente.

“Vamos fazer o seguinte: nós vamos fazer um termo [de declaração], que você foi na federal, que você está sendo coagido e o c…, que tão te pressionando”, disse ele a Almeida em gravação feita em 2018 sob monitoramento de policiais federais em Brasília dentro de uma ação controlada.

O Ministério Público menciona pagamentos de Junqueira de cerca de R$ 20 mil em dinheiro e a oferta para quitar boletos de Almeida que somavam outros R$ 103 mil.

Entre 2009 e 2010, Almeida era servidor nomeado no gabinete de Ciro Nogueira na Câmara. Também teve lotações em diferentes gabinetes no Congresso, como o do deputado pernambucano.

O ex-assessor afirmou em depoimentos à PF, sob o acompanhamento de um defensor público, que fez dezenas de viagens para transportar dinheiro vivo, principalmente para Eduardo da Fonte, mas também para Ciro Nogueira.

Ele disse que os dois políticos mantinham um apartamento nos Jardins, em São Paulo, onde guardou dinheiro vivo. Afirmou que Da Fonte e Ciro Nogueira também utilizavam um flat no Rio, onde foi pegar quantias ao menos quatro vezes.

“Em certa ocasião, quando foi buscar dinheiro para transportar até Recife, viu Ciro Nogueira com aproximadamente R$ 500 mil reais, a tomar pelo volume de pacotes de dinheiro que o mesmo tinha consigo”, diz um dos relatos, segundo a transcrição.

O transporte de quantias, segundo ele, se dava principalmente em voos comerciais, ocasião em que conseguia levar até R$ 100 mil por jornada. Afirmou ainda que fez viagens de carro de São Paulo a Recife para entregar valores e também de ônibus, de Pernambuco ao Piauí.

A testemunha, descrita pelo MP como um “arquivo vivo”, afirma que teve sua vida ameaçada por Nogueira e Da Fonte, além de ter recebido promessa de cargo público em troca da reformulação dos depoimentos.

A ameaça de morte teria ocorrido em conversa com Junqueira, apontado como um emissário dos outros dois políticos.

Os três denunciados têm negado as acusações feitas pela Procuradoria-Geral. A Folha procurou os três políticos nesta segunda-feira (9) para comentar o julgamento no Supremo, mas não obteve resposta.

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