Entregador é vítima de racismo em Goiânia: “Esse preto não vai entrar no meu condomínio”
"Agora é encontrar forças e tentar superar", diz o entregador
O entregador de uma hamburgueria localizada no Setor Goiânia 2, foi vítima de racismo por parte de uma cliente no último domingo (25).
Quando foi fazer uma entrega em um condomínio de luxo da capital, Elson Oliveira Santos, 39 anos, foi surpreendido quando a pessoa se recusou a ser atendida por ele. A cliente que fez o pedido chegou a enviar mensagens para a hamburgueria.
“Esse preto não vai entrar no meu condomínio”, “Mandar outro motoboy que seja branco“, “Eu não vou permitir esse macaco“, escreveu.
"Não toleramos racismo“, foi a resposta do estabelecimento. Os prints foram publicados no Twitter pela gerente do local.
Veja a sequência no Twitter:
como vocês sabem, eu gerencio a hamburgueria do meu irmão. ontem, no final da noite, tivemos um pedido no aldeia do vale e quando o entregador estava chegando lá, pedi para que ela liberasse a portaria para que ele pudesse entrar. tive essas palavras como resposta. + pic.twitter.com/UNwyk5l8xD
— carol (@carolxctavia) October 27, 2020
no começo, durante uns 15s, pensei que era mentira ou algum tipo de teste com o restaurante, uma vez que me recusei à acreditar que eu realmente havia lido isso. me veio na cabeça mil xingamentos, mas como representante do estabelecimento, tive que responder com educação. +
— carol (@carolxctavia) October 27, 2020
como o entregador não teve nenhum tipo de contato com ela, eu acredito que ela tenha ligado na portaria pra perguntar se ele havia chegado e aí ficou sabendo sobre a cor dele, até porque a casa dela não fica na entrada e não dava pra ela saber como era o entregador. +
— carol (@carolxctavia) October 27, 2020
me indigna o fato de que isso realmente aconteceu. não divulguei nenhuma informação da pessoa porque não quero ser processada por difamação, até porque vou na polícia amanhã denunciar esse crime de ódio.
— carol (@carolxctavia) October 27, 2020
gravei tudo e está tudo no meu acervo pessoal. +
espero que essa criminosa não saia impune, isso é CRIME!
— carol (@carolxctavia) October 27, 2020
nunca tinha passado por isso antes.
no momento, eu estava em ligação com o entregador, porque precisava passar as informações da quadra e do lote para que ele pudesse localizar e ele, percebendo que eu tinha me calado, +
perguntou o que havia acontecido. eu, ali, parada e atônita, tive que contar pelo telefone que um crime de ódio tinha sido cometido contra ele, devido à cor de sua pele. a pessoa finalizou o chat dizendo que não compra em restaurante judaico.
— carol (@carolxctavia) October 27, 2020
ele chegou aqui sem reação, tendo que fazer mais duas entregas aqui no goiânia 2 mesmo. para a mulher, falei que o pedido dela não seria entregue, mas querendo de mil formas falar tudo que passava na minha cabeça. pic.twitter.com/JsIfkPeTb5
— carol (@carolxctavia) October 27, 2020
fui embora pra casa chorando, conversando com o entregador para que ele relatasse ao meu irmão o que havia acontecido, uma vez que ele representa a loja, então eu vou na polícia como testemunha. meu medo é a pessoa ficar impune devido ao dinheiro, porque se +
— carol (@carolxctavia) October 27, 2020
o entregador já está sabendo do movimento nas mídias sociais e ele estará presente em todas as entrevistas. também, ele está muito grato por todos que estão ajudando a divulgar e que não compactuam com esse crime.
— carol (@carolxctavia) October 27, 2020
O proprietário da hamburgueria, Éder Leandro Rocha, disse que na tarde desta terça-feira (27), ele, a gerente do local e Elson Oliveira vão procurar a Polícia Civil para registrar um boletim de ocorrência.
Tentando superar
Elson Oliveira disse que nunca tinha sido vítima de racismo enquanto realizava as entregas por Goiânia.
“Estou indignado com a situação. Mas agora é encontrar forças e tentar superar“, disse.
Na manhã desta terça-feira (27), foi publicado no Instagram da hamburgueria, um vídeo no qual o entregador aparece agradecendo as mensagens de apoio que tem recebido desde domingo.
“É muito dolorido para gente que trabalha assim, passar por uma situação como essa. Mas eu agradeço a atenção de todos”.
Deixe sua opinião: