Edinho Silva propõe renovação e alianças para fortalecer o PT
Para Edinho, o PT precisa repensar suas estratégias de comunicação e ampliar o diálogo com a classe média

Edinho Silva, atual prefeito de Araraquara e ex-ministro da Secretaria de Comunicação do governo Dilma Rousseff, desponta como um dos favoritos para assumir a presidência do Partido dos Trabalhadores (PT) em 2025. Em entrevista concedida à jornalista Malu Gaspar, de O Globo, Edinho comentou sobre os resultados das eleições municipais de 2024, onde a força do antipetismo surpreendeu o partido, especialmente em áreas urbanas e entre setores da classe média.
Para Edinho, o PT precisa repensar suas estratégias de comunicação e ampliar o diálogo com a classe média, principalmente nas grandes cidades, onde o crescimento de uma direita organizada tem captado votos com uma narrativa “antissistema”. “O antipetismo ainda é muito presente e se fortaleceu em 2024. Setores médios que estavam com a gente em 2022 já não estavam mais”, disse ele. Edinho defende que o partido ouça mais atentamente as demandas das periferias e da classe média urbana, que, segundo ele, está cada vez mais frustrada com o Estado e cética quanto à sua capacidade de promover mudanças reais. “Perdemos onde a classe média é extensa, e a juventude periférica também foi atraída pelo discurso antissistema”, pontuou, atribuindo essa migração à influência das redes sociais e ao crescente engajamento de partidos de direita.
Com vistas a 2026, Edinho acredita que o PT deve unir forças com outras correntes democráticas para construir uma frente ampla e capaz de enfrentar essa nova configuração política. “Precisamos construir alianças, dialogar com o campo democrático e promover reformas que melhorem a relação do Estado com a sociedade civil”, afirmou. Segundo ele, o apoio da classe média ao discurso antissistema representa uma ameaça à estabilidade democrática, e o PT precisa apresentar um projeto renovado, que reafirme o papel do Estado na redução das desigualdades sociais.
Edinho reconhece os desafios que lideranças progressistas, como Guilherme Boulos, enfrentam diante da rejeição ao PT, que ainda prevalece em diversas cidades. Para ele, isso reflete um ambiente de polarização, mas não deve ser interpretado como fracasso. “Quase perdemos Fortaleza. Não tenho dúvidas de que uma reforma política será essencial para conter essa onda antissistema”, declarou, defendendo o modelo de voto em lista, o qual, segundo ele, fortaleceria os projetos partidários em vez de concentrar o foco em figuras individuais.
Além disso, Edinho ressaltou a importância de uma comunicação unificada no governo e mencionou o apoio de figuras históricas do PT, como José Dirceu e João Vaccari Neto, na condução do partido e na sustentação do governo. “Essas são pessoas com experiência, que enfrentaram dificuldades e podem contribuir muito”, afirmou. Edinho concluiu destacando que o momento exige uma escuta atenta das demandas da sociedade e a busca de alternativas que respondam aos anseios das classes média e periférica, sem perder de vista os valores democráticos que fundamentam o PT.
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