Política

"Discurso burro da corrupção colocou marginais no poder", diz Cláudio Couto

O suposto combate à corrupção aliado à criminalização da política, culminou na “dilaceração do sistema político”

  • domingo, 23 de maio de 2021

Foto: EstadãoCláudio Couto
Cláudio Couto

Brasil 247 - O cientista político Cláudio Couto, em entrevista à TV 247, afirmou que o “discurso burro” de tratar a corrupção como a origem de todos os problemas do Brasil levou o país a colocar no Palácio do Planalto um “oportunista”, um “marginal” de extrema direita.

O “motor” do tal “discurso burro”, segundo Couto, foi a Operação Lava Jato, chefiada pelo procurador Deltan Dallagnol com a ajuda imprescindível do ex-juiz Sergio Moro, declarado suspeito e parcial pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Com a onda da força-tarefa, diversos setores da sociedade embarcaram na narrativa distorcida contra a corrupção, como a imprensa e determinados partidos políticos. 

“Tem aquele discurso emburrecedor, para não dizer ‘burro’ mesmo, da corrupção: ‘todos os problemas do Brasil se resumem a corrpução’. Esses dias na CPI um senador da base governista, tentando desqualificar o objeto de investigação da CPI, disse: ‘vejam só, se fosse em outro governo estaríamos aqui falando de corrupção. Aqui não estamos’. Vamos ver, né, mas não é nem isso o problema: mataram 400 e tantas mil pessoas e vamos chegar a meio milhão. Quer dizer, a corrupção começa a ser mais grave que o assassinato. É isso que eles estão dizendo. Esse emburrecimento do debate político que coloca a corrupção como o mal de todos os males, esse debate burro que resultou nessa antipolítica que teve na Lava Jato seu grande motor, mas não o único, e muita gente embarcou”, falou o especialista.

O suposto combate à corrupção aliado à criminalização da política, culminou, de acordo com Couto, na “dilaceração do sistema político” e na “descrença generalizada na política, que levou à eleição de um oportunista, de um aventureiro, de um marginal da política extremista”. “O erro foi tão grande que se insistia nessa ideia da simetria das coisas que não são simétricas. De uma esquerda democrática com uma extrema direita fascista. Evidente que essas coisas não poderiam ser postas no mesmo lugar, mas muitos colocaram”.

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