Com recorde de alistamento, voto dos jovens pode influenciar a eleição de 2022
Segmento se afastou do processo eleitoral nos últimos anos, mas pode beneficiar Lula nestas eleições
No Brasil, o voto é facultativo para os adolescentes de 16 e 17 anos, mas o interesse do jovem brasileiro pela política tem crescido nos últimos meses. Ao menos, é isso o que mostram os números de alistamentos eleitorais realizados nos três primeiros meses do ano. Entre janeiro e março de 2022, o Brasil ganhou 1.144.481 novos eleitores na faixa etária de 15 a 18 anos de acordo com o TSE.
A procura pelo documento é a maior registrada quando comparada às últimas Eleições Gerais, de 2018 e 2014, quando foram emitidos 877.082 e 854.838 novos títulos, respectivamente.
Neste ano, pela primeira vez, a campanha contou com a adesão espontânea de artistas e influenciadores que são oposição ao atual governo, que dialogam diretamente com esse eleitorado, o que ajudou a impulsionar esses números.
Além disso, o Brasil vive um momento de acirramento dos discursos políticos, com uma maior polarização para a eleição de 2022, com a disputa entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL). Esse cenário tende a incentivar os jovens a terem um maior engajamento e, por consequência, procurarem participar mais ativamente do processo eleitoral. E, para isso, é necessário ter o título de eleitor.
O pensarpiauí conversou com a jornalista, advogada, militante do PCdoB e da UJS Brasil, Isadora Cortez, sobre a influência dos jovens na eleição deste ano.
Confira:
pensarpiauí- Qual a mudança que você acredita que os jovens podem fazer nessa eleição de 2022?
Isadora Cortez- A juventude vai cumprir um papel decisivo, mais uma vez. Fomos nós que lideramos a campanha do voto aos 16 anos. Só aqui no Piauí, 46 mil jovens vão às urnas pela primeira vez. Tem um motivo muito grande para essa turma votar: essa tragédia do governo Bolsonaro, que quer exterminar a juventude. Seja cortando o investimento destinado à educação, seja os abusos de autoridade, que, não por coincidência, atinge a juventude pobre, preta e da periferia. Então o nosso papel será decisivo: nós vamos resgatar o Brasil da esperança!
pensarpiauí- A maioria dos jovens expõem nas pesquisas uma aversão ao governo Bolsonaro. O que você acha que causou esse alto índice de rejeição?
Isadora Cortez- Acho que essa aversão se dá ao modo de como o governo agiu até aqui, de inação completa. Os índices de desemprego lá em cima, a falta de oportunidades, essa negligência no enfrentamento à covid-19 e a desesperança, que tomou conta do país. Isso dói, a falta de políticas públicas dói na pele da juventude. Eles falam de crise para implementar um projeto que é deles. Mas esse projeto não pode cair nos ombros da juventude. Nós não aceitaremos isso.
pensarpiauí- No Piauí, os jovens estão engajados para lutar pela democracia e contra o descaso do governo federal principalmente nas pautas da educação?
Isadora Cortez- A juventude piauiense está nas ruas. Essa semana teve assembleia no IFPI sobre os cortes na educação, próxima semana, dia 09, é dia nacional de mobilização em defesa das Universidades e Institutos Federais e vamos estar nas ruas de novo. Mesmo num contexto extremamente adverso, mas aqui ninguém aceita retrocesso. Nós botamos a oligarquia para fora do governo. Não vai ser dessa vez que nós deixaremos essa turma voltar com toda força aqui no Piauí.
pensarpiauí- Na sua opinião, a juventude, através do voto, terá a capacidade de derrotar Bolsonaro nas urnas e eleger Lula?
Isadora Cortez- Nós vamos derrotar Bolsonaro! Estamos derrotando na política, agora vamos derrotar nas urnas. A adesão à Lula hoje é grande. Mas nossa responsabilidade é grande. A juventude precisa derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo. Ninguém aguenta mais esse governo que persegue os nossos sonhos, que quer acabar com as nossas vidas. Eu tenho muita convicção de que nós vamos vencer.
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