Ciro trama contra Lula e não quer isenção do IR
"Temos que ver a questão da compensação", disse em referência à taxação dos ricos para compensar a isenção do IR

O senador Ciro Nogueira, presidente do PP e ex-ministro de Jair Bolsonaro, garantiu a investidores que seu objetivo é enfraquecer o governo Lula com uma "contenção" da oposição no Congresso Nacional.
A declaração foi feita em uma reunião privada recente com representantes do mercado financeiro, realizada na sede do banco BTG Pactual, em São Paulo. Em um áudio obtido pelo site ICL Notícias, o senador deixou claro que deseja o impeachment de Luiz Inácio Lula da Silva, mas ponderou que isso seria inviável devido ao apoio popular do presidente, que, segundo ele, tem um mínimo de 30% de aprovação. Nogueira propôs, então, uma estratégia de enfraquecer o governo visando as eleições de 2026.
"É algo semelhante ao que ocorreu no governo Dilma, quando nosso partido saiu e desencadeou o processo de impeachment. Mas uma coisa é derrubar a Dilma... Costumo dizer que quem tira um presidente não é o Congresso, é a população. A Dilma foi afastada porque tinha apenas 7% de aprovação. O Lula tem um piso de 30%, então ele não vai cair. E acho que seria muito traumático para a economia nesse momento", afirmou o senador.
Apesar disso, Ciro Nogueira prometeu "conter" o governo Lula, destacando que a oposição no Congresso vai atuar para enfraquecer o atual governo, com o intuito de abrir espaço para a extrema-direita nas próximas eleições.
"Não vai haver rompimento institucional, mas o Congresso vai segurar. Vai ser a contenção até 2026", declarou. E continuou: "O eleitor já está pronto para migrar. Este governo já deu o que tinha que dar."
Alterações no Projeto de Isenção do Imposto de Renda
Durante a mesma conversa, Ciro Nogueira comentou sobre o projeto do governo Lula que propõe isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil. O senador afirmou que seu partido trabalhará para alterar a proposta, particularmente no que diz respeito à compensação da arrecadação perdida, a fim de beneficiar os mais ricos.
O projeto original de Lula prevê que a compensação pela perda de arrecadação com a isenção seja feita com o aumento da taxação sobre as altas rendas (acima de R$ 600 mil anuais, ou R$ 50 mil mensais), o que afetaria apenas 0,13% dos contribuintes (aproximadamente 141,4 mil pessoas). No entanto, Ciro Nogueira indicou que a proposta será modificada para que os mais ricos não sejam impactados pela compensação.
"Não tem como um parlamentar votar contra a isenção para quem ganha até 5 mil reais. O que precisamos discutir é a questão da compensação, a proposta que vamos fazer...", afirmou.
Lira será o Relator do Projeto de Isenção de IR
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu indicar Arthur Lira (PP-AL) como relator do projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para até R$ 5 mil. A formalização da escolha deve ocorrer nesta quinta-feira (3).
O projeto é uma das principais prioridades do governo Lula e da bancada do PT. Enviado em março, ele propõe isenção total para quem ganha até R$ 5 mil, além de descontos de até 75% para quem recebe entre R$ 5 mil e R$ 7 mil. Para rendas acima disso, a tabela atual de IR permanece. A equipe econômica estima que a medida causará uma perda de R$ 27 bilhões na arrecadação, que seria compensada pelo aumento da taxação sobre as altas rendas.
A escolha de Lira como relator foi bem recebida pelos integrantes do governo, que veem sua nomeação como um sinal de que o projeto será aprovado, ainda que passe por modificações. A expectativa é que o texto seja aprovado ainda este ano, com vigência prevista para a declaração de 2026.
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