Ciro Nogueira se tornou ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro há dois meses e meio e acumula uma série de derrotas no Senado. Ele foi escolhido por ter grande influência no Centrão e com o objetivo de administrar a crise de bolsonaristas com a Casa.

A maior aposta de Bolsonaro ao escolher Nogueira era que ele influenciasse a CPI da Covid em favor do Palácio do Planalto. Fato que não ocorreu. O presidente recebeu a atribuição de nove crimes durante a pandemia. E existe a possibilidade de surgir uma comissão para investigar rachadinhas no gabinete dele quando era deputado federal.

Outra derrota do ministro foi em torno da reforma do Imposto de Renda. A proposta passou com facilidade na Câmara, mas está parada no Senado desde setembro. Paulo Guedes queria usar a proposta para viabilizar recursos para o novo Bolsa Família.

Como o Senado paralisou o assunto, o ministro da Economia teve que acatar a decisão política de Bolsonaro. O presidente escutou o Centrão e determinou que o teto de gasto fosse furado.

O governo também não passou a proposta da minirreforma trabalhista. Foram 47 senados contrários ao texto. Para piorar, ocorreram no Congresso fez 12 derrubadas de vetos presidenciais.

“A votação dos vetos foi uma coisa curiosa, a impressão era que não tinha governo, não existia articulação. A coisa se deu sem reação nenhuma, nunca vi uma bancada do governo tão desarticulada”, disse o senador Alvaro Dias (Podemos-PR) para Folha de São Paulo.

“Uma vez uma pessoa me perguntou: ‘Por que aquele secretário do seu governo era tão bom e agora é tão ruim?’. E eu respondi: ‘Porque naquela época tinha governador’. Não adianta ser bom na política, conhecer os parlamentares e coisa e tal, se o presidente não ajuda.”

Ciro Nogueira foi acusado recentemente por jogar contra o nome de André Mendonça para ocupar uma vaga no STF. Até o momento, Alcolumbre, presidente da CCJ no Senado, não divulgou a data da sabatina do ex-advogado-geral da União.

Apesar de todo o problema, senadores disseram para a reportagem que houve uma melhora na articulação do governo. Se antes o diálogo era pior, atualmente os deputados e senadores são mais ouvidos pela gestão bolsonarista.

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