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Cantora trans é achada morta com mãos e pés amarrados no MT

Santrosa era conhecida na região tanto por seu trabalho artístico quanto por sua atuação política


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Cantora trans é achada morta com mãos e pés amarrados no MT

A cantora transexual Santrosa, de 27 anos, foi encontrada morta em uma área de mata em Sinop (MT) no último domingo (10). A vítima apresentava sinais de violência brutal, como mãos e pés amarrados e decapitação. O caso, que choca a região, está sendo investigado pela Polícia Civil, que ainda não divulgou informações sobre suspeitos ou motivação para o crime.

Conhecida por sua atuação artística e política, Santrosa era candidata a vereadora em Sinop e mantinha um canal no YouTube com milhares de inscritos. Sua morte gerou comoção nas redes sociais e na comunidade LGBTQIA+.

A cidade, um reduto da extrema-direita, já havia sido palco de uma chacina em 2022, evidenciando um histórico de violência. A associação da Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Mato Grosso cobrou uma investigação rigorosa e rápida, denunciando o histórico de violência contra a comunidade trans no país.

Nas redes sociais, amigos e fãs prestaram homenagens emocionadas. Comentários como “uma perda irreparável” e “tão talentosa, tão cheia de vida e muita alegria. Descanse em paz, minha querida” foram registrados em sua última publicação.

A Associação da Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Mato Grosso também se manifestou, em nota, sobre o assassinato. A entidade informou que acionou o Grupo Estadual de Combates aos Crimes de Homofobia (GECCH) e que cobrará das autoridades uma apuração rigorosa para identificar os responsáveis pelo crime. A associação ressaltou a importância de um desfecho rápido e transparente, considerando o histórico de violência enfrentado por pessoas trans no país.

Sinop: Um polo da extrema-direita no interior de Mato Grosso

Sinop, localizada no interior de Mato Grosso, é um dos mais notórios polos da extrema-direita no Brasil. Em 2022, o município registrou uma votação esmagadora para o então presidente Jair Bolsonaro (PL), que obteve 76,95% dos votos válidos, enquanto Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vencedor das eleições nacionais, ficou com apenas 23,05% dos votos na cidade.

A cidade também ficou marcada por um episódio de violência que chocou o país. Em um caso que evidenciou o impacto da maior circulação de armas durante o governo Bolsonaro, sete pessoas foram assassinadas em uma chacina em um bar de Sinop. A tragédia teve início quando dois homens apostaram R$ 4 mil em um jogo de sinuca. Após a derrota, o homem que perdeu retornou ao bar para se vingar, matando todos os presentes, incluindo uma adolescente inocente.

Nas eleições municipais de 2024, a tendência de domínio da direita e da extrema-direita se manteve. Roberto Doner (PL) venceu a disputa pela prefeitura com 68,41% dos votos, derrotando Mirtes da Transterra (Novo), que obteve 31,29%. Notavelmente, não houve candidatos de partidos de centro, centro-direita ou esquerda disputando o cargo, o que reforça o cenário político polarizado da cidade.

Além disso, a composição da Câmara Municipal reflete essa hegemonia política: nenhum representante da esquerda foi eleito, e as 15 cadeiras foram dominadas por partidos da direita e da extrema-direita, com o PL, Republicanos, MDB e Novo liderando a disputa. O PL e o Republicanos conquistaram três cadeiras cada, o MDB também e o Novo obteve duas, enquanto PSDB, Solidariedade e Podemos conquistaram uma cadeira cada. Esse contexto ressalta a falta de representação de ideologias mais à esquerda no cenário político local.

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