Política

Brasil alcançará 400 mil mortos ainda neste mês, mas Bolsonaro continua bem

Ele continua interessado em falar só para seu público cativo, aquele que acredita em tudo

  • terça-feira, 20 de abril de 2021

Foto: ReproduçãoJair Bolsonaro
Jair Bolsonaro

Por Luis Felipe Miguel, professor e cientista político, no Facebook 

Um ano depois da crise que levou à demissão deMoro, o “superministro” e “salvador da Pátria” que caiu sem nem arranhar a popularidade do governo, Bolsonaro tornou-se senhor da Polícia Federal. A blindagem em favor dele e de seu círculo mais próximo está cada vez mais forte.

Ele continua interessado em falar só para seu público cativo, aquele que acredita em tudo e para o qual (nas palavras de um de meus bolsomínions de referência) Bolsonaro é “um dos grandes heróis do mundo cristão”. Dentro deste cercado, não existe revelação de CPI capaz de abalar a fidelidade ao mito.

Afinal, não é como se o comportamento criminoso do chefe de governo já não estivesse escancarado. E esse contingente, indiferente à morte, à miséria, à fome, à violência, à destruição, parece bastar para levá-lo ao segundo turno de 2022.

A oposição de direita, que apresenta a si mesmo como “centro”, permanece à espera de um milagre.

João Doria, que seria o nome mais forte desse campo, é um sujeito notavelmente desagregador. Não é capaz de unir, muito menos empolgar, nem mesmo o PSDB – que sabe que a repetição do fiasco de 2018 (com a candidatura Alckmin) põe em risco sua posição como partido nacionalmente relevante.

Mandetta e Leite são factoides. Moro ficou no caminho. A candidatura de Huck é uma aposta de alto risco, com grande chance de fracassar – nem o marido de Angélica está convencido dela.

Ciro, o nome com maior potencial eleitoral do grupo, capaz de alcançar talvez uns 12%, também não é uma criatura fácil. E, tendo passado uma boa parte das últimas décadas tentando consolidar um espaço para si na centro-esquerda, ainda está mal enquadrado na nova posição.

O principal problema, no entanto, nem é a ausência de nome. É que, por mais que insistam no discurso dos “dois extremos” e afirmem que uma terceira via seria o caminho do meio, o centro já está ocupado.

Está ocupado por Lula.

O ex-presidente continua acenando com um caminho não traumático para restauração da democracia e da ordem constitucional, que acomode interesses e restaure as condições da disputa política civilizada sem excluir ninguém, evitando cuidadosamente assustar as classes dominantes.

Siga nas redes sociais

Deixe sua opinião: