Boulos: "esquerda tem que retomar a mobilização social e pactuar amplamente pela democracia"
O líder psolista diz que houve uma ruptura de um pacto da esquerda com a periferia

Semana passada, através de uma entrevista exclusiva, o pensarpiaui trouxe o pensamento do ex-ministro José Dirceu sobre o momento por que passa o Brasil, (aqui). Hoje, trazemos a fala de Guilherme Boulos. Não é um material exclusivo. Boulos fala para um grupo de whatsap e o áudio está sendo bem compartilhado devido a lucides do ex-candidado a presidente do Brasil pelo Psol.
Boulos termina a fala com uma frase que traremos logo de início. Ele afirma: “o momento não é favorável (à esquerda)”. Mas até chegar a esta conclusão ele faz duas propostas para o movimento de esquerda do Brasil. A primeira: é preciso retomar a mobilização social. Mas ele garante também que isso só acontecerá quando a esquerda perceber o tamanho da derrota sofrida.
Ele lembra que a esquerda foi atacada sistematicamente e perdeu o debate, a hegemonia na sociedade. Como exemplo, cita a Reforma da Previdência e justifica dizendo que a do Brasil foi a única no mundo aprovada sem reação social.
Segundo Boulos, quando a esquerda se der conta disso poderá enfrentar Bolsonaro noutro patamar.
Ele diz que o presidente da República está conseguindo construir uma extrema direita organizada. Isso não acontecia no Brasil desde o Integralismo, no início do século passado.
Boulos diz que milagres não vão acontecer e que a saída só virá em médio prazo. Isso porque a esquerda deixou de fazer trabalho de base. É preciso viver a realidade do povo, estar nos bairros e propor saídas. É preciso reconstruir vínculos de solidariedade, de acolhimento com o povo. Isso porque houve uma ruptura de um pacto da esquerda com a periferia.
E Boulos mostra a diferença entre mobilização social e força eleitoral. Segundo ele, o ex-presidente Lula tem força eleitoral que não se transforma em mobilização social. O acontecimento do golpe/2016, a liderança de Lula nas pesquisas eleitorais e sua prisão, justificam a tese do psolista.
A segunda proposta apresentada por Boulos é sobre o pacto político.
O ex-candidato a presidente do Brasil afirma que Bolsonaro tem um projeto de ruptura institucional e que a tática para chegar lá é ir naturalizando aquilo que se acha impossível de acontecer. A naturalização vai acontecendo aos poucos criando um ambiente onde a democracia fica deteriorada.
Segundo Boulos, Bolsonaro não vai romper botando tanques nas ruas como no passado. Será uma combinação de aparência de legalidade com atuação de milícias e medidas de excessão.
Por conta disso, Boulos propõe a construção de uma unidade ampla pela democracia. Mas deixa claro que isso não significa baixar bandeiras ou deixar de fazer disputas.
Confira na integra o áudio de Guilherme Boulos:
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