Bolsonaristas iniciam caçada ao jovem que pendurou faixa “Sem Anistia” no ato de Copacabana
Sem anistia. Sem esquecimento. Sem perdão

A presença de uma faixa com os dizeres “Sem Anistia” ( #SemAnistia ) ao fundo do discurso de Jair Bolsonaro, durante o ato esvaziado no último domingo (16), em Copacabana, acendeu o estopim para uma ofensiva bolsonarista nas redes sociais. O alvo da vez: João Pedro Fagundes, estudante de Direito de 18 anos, autor da mensagem simbólica que expôs, mais uma vez, o desconforto da extrema-direita diante do clamor por justiça pelos crimes golpistas de 8 de janeiro.
A imagem de Bolsonaro discursando com a faixa ao fundo viralizou — e, junto com ela, explodiu também a fúria bolsonarista. Influenciadores de extrema-direita, internautas e apoiadores do ex-presidente iniciaram uma verdadeira caçada virtual ao jovem, num movimento que lembra práticas de delação persecutória. A lógica é clara: identificar, expor e intimidar. A mobilização, que remete a métodos autoritários, ganhou força com o envolvimento de figuras de peso no bolsonarismo.
O pastor Silas Malafaia, um dos principais aliados de Bolsonaro, atacou a imprensa pela repercussão da imagem e lançou mais gasolina sobre a fogueira digital. “O jornalismo cretino de O Globo! Uma faixa colocada na janela de um apartamento em Copacabana contra a anistia vale mais do que o ato a favor e toda a manifestação”, escreveu no X , inflamando ainda mais os seguidores já sedentos por vingança.
A influencer bolsonarista Juliana Gaioso Pontes, ex-candidata a vereadora, foi além: publicou um vídeo com insinuações sobre o jovem, tentando desqualificá-lo e colocando em dúvida até sua “brasilidade”. “É muito fácil pedir ‘Sem Anistia’, morando na Avenida Atlântica, num apartamento de frente para o mar”, disparou, sugerindo que João seria um privilegiado insensível ao sofrimento do “brasileiro comum”.
Karen Llyandra, outra militante bolsonarista, também entrou na patrulha digital, pedindo que moradores do prédio ajudem na “identificação” do autor da faixa. “Vamos viralizar (!!)”, escreveu, reforçando o tom de perseguição.
Até o vocalista da banda Ultraje a Rigor, Roger Moreira, engrossou o coro da intimidação, atacando o jovem com ironias e ofensas: “O cretino mora de frente pra praia em Copacabana mas é comunista. Outro hipócrita”.
A escalada de ataques mostra como qualquer gesto de oposição ao bolsonarismo se transforma rapidamente em alvo de linchamento digital. João Pedro, no entanto, reafirma sua motivação: “O povo brasileiro não esqueceu e não esquecerá a criminosa tentativa de usurpar o nosso bem maior: a democracia. Exigimos punição aos golpistas”.
O episódio da faixa em Copacabana revela não apenas o desconforto do bolsonarismo com o grito por justiça, mas também a disposição de seus seguidores em perseguir e intimidar qualquer um que ouse lembrar: Sem anistia. Sem esquecimento. Sem perdão.
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